28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Bilionários ficam imunes à crise econômica na pandemia

No Brasil, 42 bilionários aumentaram suas fortunas em US$ 34 bilhões entre maio e junho

Segundo a Revista Forbes, Hang era em abril o sétimo homem mais rico do Brasil, com patrimônio de R$ 18,7 bilhões

Os 73 bilionários da América Latina e do Caribe aumentaram suas fortunas em 17%, o que equivale a US$ 48,2 bilhões. E isso apenas durante a pandemia, de março a junho deste ano.

Isso equivale a um terço do total de recursos previstos em pacotes de estímulos econômicos adotados por todos os países da região. Só no Brasil, 42 bilionários aumentaram suas fortunas em US$ 34 bilhões no mesmo período, passando de US$ 123,1 bilhões para US$ 157,1.

Os dados são do relatório Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe, divulgado hoje (27) pela Oxfam, que revela como esses bilionários ficaram imunes à crise econômica provocada pela pandemia em uma das regiões mais desiguais do mundo.

A entidade defende que é premente enfrentar os privilégios e as elites econômicas para o desenvolvimento econômico inclusivo.

“A covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das fortunas que seguem crescendo em meio à, talvez, maior crise econômica, social e de saúde do planeta no último século”. Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Desde o início das medidas de distanciamento social para combater a disseminação da covid-19, oito novos bilionários surgiram na região, ou seja, um a cada duas semanas. Enquanto isso, a estimativa é que 40 milhões de pessoas devem perder seus empregos e 52 milhões vão entrar na faixa de pobreza na América Latina e Caribe em 2020.

Para a Oxfam, os dados apresentados no relatório são assustadores.

“Ver um pequeno grupo de milionários lucrar como nunca numa das regiões mais desiguais do mundo é um tapa na cara da sociedade, que está lutando com todas suas forças para manter a cabeça fora d’água. Está mais do que na hora de a elite contribuir, renunciando a privilégios e pagando mais e melhores impostos”. Katia Maia.

Segundo a organização, no Brasil, a discussão da reforma tributária não tem levado em conta a necessidade de reestruturar o sistema para que haja a redução das desigualdades e para torná-lo mais progressivo.

Os debates, em andamento no Congresso Nacional, têm tratado da simplificação da tributação sobre o consumo, o que, segundo a Oxfam, não resolve as distorções do sistema no qual quem ganha menos paga proporcionalmente mais imposto do que quem ganha muito.

“Ninguém parece ter a intenção de tocar nos privilégios dos mais ricos, que nunca pagaram uma parte justa de impostos. É como se a maioria da população não tivesse o direito a uma vida digna”. Katia Maia.

Amazon

Já nos Estados Unidos, Jeff Bezos, dono da Amazon e homem mais rico do mundo, na semana passada ficou US$ 13 bilhões mais rico em apenas um dia.

A engorda em sua carteira aconteceu depois que as ações da Amazon.com subiram 7,9%, o maior salto desde dezembro de 2018 em meio ao otimismo crescente sobre as tendências de compras na web, e agora acumulam alta de 73% desde janeiro.

Neste ano, apesar da crise econômica mundial, ou graças à mesma, ele aumentou sua fortuna de US$ 74 bilhões para US$ 189,3 bilhões.