O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou na noite de domingo (10) que um policial anunciou ter um mandado de prisão para prendê-lo. Morales, que renunciou horas antes depois de 13 anos no poder, classificou a ação como ilegal e o México ofereceu asilo a ele.
“Eu denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um policial anunciou publicamente que ele foi instruído a executar um mandado de prisão ilegal contra mim; da mesma forma, grupos violentos assaltaram minha casa. Os golpistas destroem o estado de direito”. Evo Morales, ex-presidente da Bolívia.
Denuncio ante el mundo y pueblo boliviano que un oficial de la policía anunció públicamente que tiene instrucción de ejecutar una orden de aprehensión ilegal en contra de mi persona; asimismo, grupos violentos asaltaron mi domicilio. Los golpistas destruyen el Estado de Derecho.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 11, 2019
Por outro lado, em tom de comemoração, o líder opositor Luis Fernando Camacho disse que “a polícia e os militares estão procurando por ele no Chapare, lugar onde se escondeu. Os militares lhe tiraram o avião presidencial.”. Mais cedo, María Eugenia Choque Quispe, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia, foi presa após renunciar ao cargo.
Líder da direita, Camacho abriu uma bíblia sobre a bandeira boliviana no Palácio do Governo, dizendo que queria levar Deus de volta ao Palácio. Ou seja: a ação teve claros traços fundamentalistas e militares.
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O agora ex-presidente foi eleito para um quarto mandato em 20 de outubro, mas houve denúncias de fraude, e a OEA (Organização dos Estados Americanos) apontou irregularidades no pleito. Desde então, uma onda de protestos, com atos de violência contra aliados do governo, tomou conta do país, inclusive com a adesão de policiais nos últimos dias.
Renúncia
Após a renúncia de Morales, a Bolívia virou palco, na noite de hoje, de uma série de incêndios, saques e ataques a residências, incluindo a do próprio ex-governante.
A capital La Paz e as cidades de El Alto e Cochabamba, entre outras das maiores do país, registram vários desses casos, e muitos bolivianos estão pedindo ajuda à Polícia e às Forças Armadas através das redes sociais.
Morales, o vice Álvaro Linera e os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados renunciaram após duas semanas de protestos e uma onda de violência contra aliados do governo. As renúncias deixaram um vazio de poder na Bolívia.
Camacho tornou-se um dos principais indutores da onda de protestos, com um discurso tido como radical, e foi responsabilizado pelos protestos violentos nas ruas.
A pressão pela renúncia do presidente Evo Morales teve desdobramentos violentíssimos na quarta (6) na região central da Bolívia, onde manifestantes pró e contra Evo se enfrentaram.
A prefeita governista da cidade de Vinto foi humilhada publicamente pela multidão por transportar camponeses apoiadores de Evo para confrontar os manifestantes.
Arce Guzman teve o cabelo cortado, foi pintada de rosa e obrigada a andar descalça por vários quarteirões em meios aos gritos de “assassina! assassina!”. Ela foi resgatada pela polícia horas depois. A sede da prefeitura local foi incendiada.
Em Cochabamba, também na quarta, um estudante de 20 anos morreu devido aos protestos, que deixaram ao menos 50 feridos. A vítima foi Limbert Guzmán, que deu entrada em um hospital com traumatismo craniano grave e morte cerebral, apresentando em seguida parada respiratória.