7 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro sobre morte após 80 tiros no Rio: “Exército não matou ninguém”

“O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto”

Foram seis dias para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) se pronunciar sobre imperdoável fuzilamento do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, por militares do Exército no Rio de Janeiro. Mas era melhor ter ficado calado, já que, segundo o presidente, o que aconteceu não foi um assassinato, mas sim um “incidente”.

“O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo. A gente não pode acusar o povo de assassino. Houve um incidente. Houve uma morte. Lamentamos ser um cidadão trabalhador, honesto”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

A declaração do presidente foi durante inauguração do aeroporto de Macapá. Bolsonaro classificou o assassinato de Rosa como um “incidente”, declarou que o Exército “não matou ninguém” e que a instituição não pode ser acusada de ser “assassina”.

Evaldo estava no carro com a família, incluindo esposa, sogro e um bebê, voltando de um chá de bebê, quando foram surpreendidos com mais de 80 tiros de metralhadora. Ele morreu no local e duas pessoas ficaram feridas .Os disparos atingiram também um homem que tentava socorrer a família.

Assassinato

Dez militares foram presos em flagrante, dos quais nove tiveram as prisões convertidas em preventivas pela 1ª instância da Justiça Militar na quarta-feira 10. Nesta quinta-feira, (11), eles entraram com um pedido de liberdade no Superior Tribunal Militar (STM).

Nove dos dez militares presos em flagrante na ação que resultou na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos tiveram suas prisões convertidas para preventiva na tarde desta quarta-feira (10). Eles passaram por audiência de custódia junto à Justiça Militar, que considerou que o grupo descumpriu “regras de engajamento” (abordagem).

O corpo de Evaldo foi enterrado nesta quarta-feira sob clima de revolta e clamor por justiça. O carro do músico, que estava com a família, foi metralhado por por no último domingo (7).

delegacia de homicídio do Rio, que investiga a morte de Evaldo dos Santos Rosa, que teve o carro metralhado por militares do Exército, disse em entrevista à TV Globo que “tudo indica” que os militares atiraram ao confundirem o carro com o de supostos assaltantes.

“Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma no carro. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”. Delegado Leonardo Salgado, da divisão de homicídios.

Jornalista ameaçado

O jornalista Carlos de Lannoy usou as redes sociais para denunciar uma ameaça de morte que recebeu após fazer uma reportagem no “Fantástico”, na qual falava sobre um veículo que foi fuzilado por agentes do exército no Rio de Janeiro, resultando na morte do motorista. Evaldo Rosa dos Santos, 51.

No Instagram do repórter, um internauta escreveu: “Se você escolher falar merda e defender bandido é escolha sua. Seu merda! Se for errado paga com a vida! Mexeu com o exército, assinou sua sentença! Sua família vai pagar! Aguarde as cartas”.

Carlos ainda usou o Twitter para se manifestar: “Minutos depois de fazer reportagem no “Show da Vida” sobre mais uma morte em blitz do exército, recebi essa ameaça no meu Instagram. Não ficará assim”.

O valentão da internet, Erik Procópio, foi identificado como um “cidadão de bem”, fã de Moro e da ditadura, natural do Rio Grande do Norte. Ele tem um histórico de postagens “bolsonaristas”. Entretanto, depois da resposta de Lannoy e as ofensivas na Web, ele arregou, pediu desculpas e deletou seu twitter.

Infelizmente, alguns dos monstros online não são perfis robôs, apenas convencidos por eles.