25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Câmara já discute ‘rachadinha’ como forma oficial para o fundo eleitoral

Taxando salário de políticos e assessores em 3%, ideia é destinar cerca de R$ 4 bilhões para campanhas

As campanhas municipais de 2020 estão chegando cada vez mais perto e a busca pelo dinheiro público já atiça novamente o Congresso. E desta vez, líderes partidários na Câmara discutem a possibilidade de vitaminar o fundo eleitoral taxando em 3% os salários de todos os políticos do país e de seus respectivos assessores.

A medida, com objetivo de reunir algo em torno de R$ 4 bilhões a cada dois anos, passando a valer possivelmente já para as eleições gerais de 2022, tornaria oficial, e com destinação carimbada para o financiamento eleitoral, uma prática que hoje é feita de forma escamoteada em alguns gabinetes: a rachadinha.

Essa pratica se tornou mais conhecida com as investigações sobre deputados e assessores parlamentares do Rio de Janeiro, entre eles Fabrício Queiroz, amigo e espécie de faz-tudo da família Bolsonaro.

Ex-funcionário de Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Queiroz teve movimentação atípica em suas contas e admitiu que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete.

Segundo sua versão, usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do filho do hoje presidente da República.

Rachadinha oficial

O projeto que oficializaria a “rachadinha” já é objeto de discussões preliminares no MPF (Ministério Público Federal). O responsável por levar aos demais líderes partidários da Câmara a proposta de uma nova fonte de recursos para o fundo eleitoral foi Luis Tibé (Avante-MG), líder da bancada e presidente nacional do partido.

“Eles até gostaram muito da ideia, até porque atenderia ao pleito de não tirar nada de outros investimentos públicos. Os envolvidos no pleito bancariam isso. E seria um valor pequeno, irrisório. Isso não é ‘rachadinha’, isso é um fundo em que os cargos comissionados já sabem que vão contribuir com 3% do salário. É completamente diferente uma coisa da outra”. Luis Tibé (Avante-MG), negando relação com a rachadinha.