O filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), continuou os ataques ao vice-presidente Hamilton Mourão. Só na terça foram três tuítes com críticas ao vice. À noite, ele resgatou uma declaração, feita em setembro de 2018, uma semana após o atentado a Bolsonaro.
Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização. Enquanto um homem lutava pela vida e tentava impedir que o Brasil caísse nas garras do PT, queridinhos da imprensa opinavam: pic.twitter.com/mAPVVvKAiR
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 23 de abril de 2019
De acordo com o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, Bolsonaro quer um ponto final na desavença pública e afirmou que Mourão terá o apreço do presidente, mas afirmou que estará “sempre ao lado” do filho.
“De uma vez por todas o presidente gostaria de deixar claro o seguinte: quanto a seus filhos, em particular o Carlos, o presidente enfatiza que ele sempre estará a seu lado. O filho foi um dos grandes responsáveis pela vitória nas urnas, contra tudo e contra todos”. Porta-voz da Presidência.
Ao falar sobre Carlos, segundo Rêgo Barros, o presidente disse que ele “é sangue do meu sangue”. Bolsonaro fez um afago a Mourão dizendo que ele é o subcomandante do governo e que topou o desafio das eleições, acrescentando que o vice tem dele “consideração e apreço”.
Mourão tentou amenizar a situação e afirmou que todo mundo emite sua opinião”. “Quando um não quer dois não brigam”, disse ele, afirmando ser esta sua “linha de ação”. “Vamos manter a calma”, completou.
Militares
Nos bastidores, o vice presidente tem tido o apoio do núcleo militar do Palácio do Planalto, que considera prejudicial ao presidente os ataques e interferências de seu filho, apelidado de “pitbull” nas redes sociais.
Militares que trabalham no Palácio do Planalto coordenam uma estratégia para tentar amenizar a pauta negativa gerada pelo desconforto da família do presidente com o vice, Hamilton Mourão.
Na avaliação interna das pastas, os constantes contrapontos de Mourão a Bolsonaro nos mais diversos assuntos e a reação do presidente de não frear especulações sobre os interesses do vice azedaram o clima.
O estafe militar do Planalto trabalha para integrar as estruturas de comunicação da Vice e da Presidência, hoje apartadas, em uma tentativa de evitar o que consideram mal-entendidos. Avalia-se que Mourão, desde a transição, cometeu alguns excessos, não exatamente por emitir sua opinião, que é um traço de sua personalidade, mas por insistir na visibilidade em momentos que requeriam o contrário.
Críticas
Em uma crítica na terça, traduziu e expôs “o que parece ser”, diz, um convite para uma palestra do vice-presidente nos EUA em que Mourão é chamado de “voz da razão e moderação” no governo marcado por 100 dias de “paralisia política”.
Horas mais tarde, em uma postagem com texto sem pé nem cabeça, Carlos Bolsonaro usou as redes sociais para criticar uma fala de Mourão sobre a crise econômica e política vivida pela Venezuela. Na postagem de Carlos, Mourão diz que a população do país vizinho “tem que estar desarmada porque senão nós iríamos para uma guerra civil na Venezuela, o que seria horrível para o hemisfério como um todo”.
Quando a única coisa que lhe resta é o último suspiro de vida, surgem estas pérolas que mostram muito mais do que palavras ao vento, mas algo que já acontece há muito. O quanto querer ser livre e independente parece ser a maior crueldade para alguns. pic.twitter.com/FNCS6yDH2x
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 23 de abril de 2019
A fala de Mourão foi classificada por Carlos como “pérolas que mostram muito mais do que palavras ao vento, mas algo que já acontece há muito tempo”. Seja lá o que isso quer dizer