29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Caso Marielle: PSOL cobra continuidade de investigações e quer CPI de milícias

“Não adianta para nós saber apenas quem apertou o gatilho”, afirmou deputada federal do partido, que quer investigação profunda das milícias no Rio de Janeiro

A bancada do PSOL na Câmara cobrou nesta terça-feira (12) que as investigações do assassinato de Marielle Franco (RJ) continuem. O partido comemorou a prisão de dois suspeitos de participarem da morte da vereadora, mas disse que é importante saber o mandante do crime.

“Não adianta para nós saber apenas quem apertou o gatilho”. Talíria Petrone (RJ), deputada federal.

Em operação conjunta com o Ministério Público, a Delegacia de Homicídios do Rio prendeu na madrugada desta terça-feira (12) um policial militar e um ex-policial suspeitos de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado.

Marielle e Anderson foram alvejados dentro do carro na noite de 14 de fevereiro. Foto: Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo são apenas a “primeira fase” das investigações. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. “Nada está encerrado”, disse o delegado.

De acordo com as investigações, o sargento reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação, conduzia o veículo. Os investigadores tentam descobrir quem foi o mandante da execução.

Lessa foi preso por volta das 4h30 no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, o mesmo onde vivia o presidente Jair Bolsonaro antes de ser empossado. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão de armas, computadores, celulares e munição, entre outros objetos, em 34 endereços.

O delegado, no entanto, afastou, neste momento, ligação entre a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar reformado Ronnie Lessa. Mas o link será feito no momento oportuno:

“O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle. Isso nós imaginávamos que esse link fosse feito, mas ele não tem uma relação direta com a família Bolsonaro”. Giniton Lages, delegado do caso Marielle.

Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) comentou sobre a operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que prendeu um PM e outro ex-policial militar suspeitos de terem participado do assassinato da vereadora Marielle Franco:

“Espero que realmente a apuração tenha chegado de fato a quem foram os executores, se é que foram eles, e a quem mandou matar. É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois de que ela foi assassinada, não conhecia ela apesar de ela ser vereadora lá com o meu filho (o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)) no Rio de Janeiro.”. Jair Bolsonaro.

Bolsonaro aproveitou para se lembrar da tentativa de assassinato à faca da qual foi vítima em setembro de 2018, durante ato de campanha em Minas Gerais. Também estou interessado em saber quem mandou me matar”.

CPI

Os deputados também anunciaram que protocolarão um requerimento para a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o funcionamento das milícias no Rio de Janeiro. Segundo Marcelo Freixo (RJ), a sigla finalizou o pedido e começará a coletar assinaturas para a instalação do colegiado. É necessário o apoio de ao menos 171 deputados.

Para os deputados, o crime contra a vereadora do PSOL, assassinada em 14 de março de 2018 quando saía de um evento na Lapa, no centro da capital fluminense, foi cometido com interesses políticos.