19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Esportes

Coaf mira lavagem de dinheiro no futebol

Mais de 30 operações foram consideradas suspeitas

Empresários de jogadores de futebol estão na mira do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda que atua no combate à lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

Agentes são obrigados a registrar todas as transações de intermediação, comercialização e negociação dos direitos de transferência de atletas e passaram a ser alvo de análise dos técnicos e conselheiros do Coaf. A resolução que regulamenta os deveres dos setores esportivo e artístico entrou em vigor em agosto deste ano.

Desde então, chamaram atenção do Coaf 33 operações: uma foi considerada suspeita e 32 realizadas em espécie (pagamento ou recebimento em dinheiro de valores superiores a R$ 30 mil).

A atuação dos empresários ligados ao futebol passou a ter destaque no Coaf por conta dos altos valores envolvidos. Este ano, por exemplo, a negociação de 1.466 jogadores (compra, venda e empréstimo) movimentou R$ 1,5 bilhão, de acordo com a CBF. Somente para intermediários, os clubes pagaram quase R$ 80 milhões em comissão.

Empresários que tenham participado de transações financeiras com “aspectos que não são convencionais” serão autuados para prestar esclarecimentos. Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Agentes de Futebol, Jorge Moraes, reclama das exigências do Coaf.

Além de registrar todas as transações financeiras, os empresários têm de manter no sistema do Coaf um cadastro de seus clientes com descrição da operação, valores, datas, forma e meio de pagamento. “Já fazemos toda a comunicação à CBF e declaramos Imposto de Renda nas pessoas física e jurídica. Então, acho desnecessária uma burocracia a mais do Coaf”

Bolsonaro

O amigo de Jair Bolsonaro Fabrício de Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão no período de um ano, enquanto servia como assessor e motorista no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito, na Assembleia Legislativa do Rio.

A movimentação na conta de Queiroz foi considerada “atípica” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele depositou até mesmo um cheque de R$ 25 mil reais para Dona Michele, esposa de Bolsonaro. O presidente eleito afirmou que o repasse se deve ao pagamento de um empréstimo que fez ao ex-assessor, no valor total de R$ 40 mil.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai achar os R$ 40 mil”. Jair Bolsonaro.

O amigo de Bolsonaro fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. Uma retirada a cada dois dias naquele ano. E mais da metade dos depósitos em espécie recebidos, pelo ex-motorista de Flavinho, aconteceram no dia do pagamento dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio ou até três dias úteis depois.