17 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
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Compra de votos: todos sabem, falam e ninguém faz absolutamente nada

Não é só o pobre que vende voto o voto. O rico também. A diferença é o valor.

É muito comum nesta época a discussão acirrada sobre a compra de votos. Normalmente, a reclamação é contra o pobre que vende o voto a cem ou mais reais. Nunca contra o rico.

Mas, em verdade, o rico também vende seu voto. Sempre o fez. Só que o valor agregado é outro. Vende pelo emprego do filho, do genro ou da nora nas instituições públicas – todos os poderes – pela facilitação do financiamento da propriedade nos Banco do Brasil ou do Nordeste, pelo tráfico de influência, pela carona que recebeu no jatinho para ir a Miami, entre outras coisas mais confortáveis.

Raros ainda são os cidadãos que votam conscientemente.

A questão é: se alguém vende o voto é por que há comprador. E cada vez há mais compradores, endinheirados, com recursos públicos ou privados, mas gente que compra votos sem susto, nem qualquer tipo de pudor.

Compra, paga e exige o voto. Depois de eleito tchau e benção. Uma vez de paletó em plenário faz o discurso: “Estou aqui por que fui eleito pela vontade soberana do meu povo”. Simples assim.

A outra a questão é: a compra de votos é ilegal. A polícia sabe, a justiça sabe. Mas, não se vê nenhuma ação eficaz das instituições fiscalizadoras sobre isso. Não há autoridade campanando a compra de votos, como o faz com o bandido pé parrado que rouba um celular e corre para periferia.

Não há campana, por que não há  o interesse real neste sentido. Os políticos são produtos da sociedade. A maioria dos eleitos são figuras de expressão das elites em qualquer lugar e estas têm suas ramificações dentro das próprias instituições, as quais entoam dificuldades de toda ordem para ir de encontro aos seus próprios tentáculos.

Quem compra voto é quem tem dinheiro. Aqui sempre estiveram a olhos vistos os compradores de voto, para o povo em geral. Menos para as autoridades.

Sempre foi assim.

Depois todos se vestem de verde e amarelo e vão às ruas falar de corrupção.

Dos outros…