Segundo informe anual da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o desmatamento na Amazônia irá gerar um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão por ano para a agricultura brasileira pelos próximos 30 anos.
Destacando o desmatamento “significativo” no Brasil, o alerta chega enquanto governos e entidades buscam formas de que compromissos para a manutenção das florestas sejam implementados.
Mas já dá pra concluir que isso vai de encontro às teses do governo de Jair Bolsonaro, que tem insistido sobre a necessidade de transformar áreas de proteção em locais de exploração econômica.
Durante a Conferência do Clima da ONU, em Glasgow no final de 2021, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, chegou a dizer que onde há muita floresta há muita pobreza.
Números no Brasil
Segundo a FAO, o Canadá e a Rússia relataram um nível muito baixo de desmatamento entre 1990 e 2020. “Apesar de uma redução geral do desmatamento, no entanto, o Brasil tem experimentado perdas florestais substanciais desde 1990, inclusive de florestas primárias”.
Em seu informe, a FAO aponta como diferentes estudos revelam que o desmatamento no Brasil terá um impacto negativo para os lucros dos agricultores no país nos próximos anos, enquanto a preservação poderá permitir a geração de renda.
“As quedas de chuvas ligadas ao desmatamento no sul da Amazônia brasileira poderiam causar perdas agrícolas – por exemplo, quedas na produção de soja e pecuária – avaliadas em mais de US$ 1 bilhão por ano entre agora e 2050”.
A entidade também insiste que preservar a floresta faz sentido econômico ao país e que, segundo estudos, a preservação de um hectare garantiria uma renda de 800 dólares por por ano na Amazônia brasileira.
“O custo de oportunidade da conservação das florestas sobre a receita agrícola obtida das terras desmatadas é um fator chave para avaliar o potencial de instrumentos projetados para agregar valor às florestas”.
Usando dados de censo e desmatamento para municípios da Amazônia Legal brasileira, um estudo de 2018 realizado por Figueiredo Silva e outros pesquisadores estimaram o preço da redução do desmatamento em termos de renda agrícola perdida em menos US$ 797 em PIB agrícola anual por hectare de floresta conservada.