Em depoimento na CPI, Carlos Murillo, presidente da Pfizer na América Latina, confirmou que a empresa não recebeu nenhum retorno sobre a carta, enviada em setembro do ano passado, com propostas de vacinas enviada ao governo Bolsonaro.
“Nossa oferta de 26 de agosto, como era vinculante, e como estávamos nesse processo com todos os governos de outros países tinha validade de 15 dias. Passados esses 15 dias, o governo do Brasil não rejeitou, mas tampouco aceitou”. Carlos Murillo.
Ele disse que a farmacêutica norte-americana fez três ofertas de venda de sua vacina contra Covid-19 ao governo brasileiro em agosto de 2020. À época, Murillo era presidente da empresa no Brasil.
Carlos Murillo, da empresa que já firmou acordo com 110 países, enfatizou que a oferta de 70 milhões de doses garantiria já 1,5 milhão de doses para 2020, com a seguinte distribuição programada:
- 1,5 milhão de doses em dezembro/20;
- 3 milhões no primeiro trimestre 2021;
- 14 milhões no segundo trimestre 2021;
- 26,5 milhões no terceiro trimestre 2021;
- 25 milhões no quarto trimestre 2021.
Ele, no entanto, foi enfático ao negar que as condições ofertadas ao governo brasileiro teriam condições “leoninas”, como julgadas pelo ex-ministro da Saúde, general Pazuello.
Ao ser questionado sobre a diferença do total de vacinas disponíveis no Brasil, se comparado com o contrato apenas em março deste ano, a empresa garante um total de 14 milhões de doses para o primeiro semestre no país.
A última previsão feita pelo governo, o Brasil receberia 2 milhões de doses até maio e mais 7 milhões em junho, totalizando 9 milhões no primeiro semestre. Para a segunda metade do ano, a Pfizer enviaria mais 91 milhões até dezembro.
Carta ao governo
Nesta quinta-feira (12), em depoimento à CPI, Wajngarten contou que a Pfizer encaminhou ao governo brasileiro, em setembro de 2020, uma carta em que dizia estar disposta a “fazer todos os esforços” para garantir reserva de doses à população brasileira. Wajngarten disponibilizou o documento à CPI.
Na carta, a empresa afirma que a equipe da empresa no Brasil se reuniu com integrantes dos ministérios da Economia e da Saúde e com a embaixada brasileira nos Estados Unidos.
Além disso, apresentou uma proposta para fornecer “potencial vacina” que poderia proteger “milhões de brasileiros” e afirma que até aquela data não havia obtido respostas do governo brasileiro.
Veja o cronograma apresentado pelo executivo da Pfizer à CPI:
Maio e junho de 2020
- Reuniões iniciais exploratórias para compartilhar status de desenvolvimento da vacina
Julho de 2020
- 16 de julho
apresentado uma “expressão de interesse” em que foram resumidas as condições de compra do imunizante
Agosto de 2020
- 6 de agosto
Ministério da Saúde manifestou possível interesse na vacina; - 14 de agosto
Pfizer fez a primeira oferta: uma com 30 milhões de doses e outra com 70 milhões, com possível cronograma de entrega durante o final de 2020 e 2021; - 18 de agosto
Pfizer volta a fazer oferta por 30 e 70 milhões de doses, com um quantitativo adicional ao Brasil para o final de 2020; - 26 de agosto
Pfizer fez uma terceira oferta, também em contratos de 30 e 70 milhões de doses – com um pouco mais de quantidade para o primeiro trimestre de 2021
Novembro
- 11 de novembro
Atualizada a oferta de 70 milhões. Seriam 2 milhões no primeiro trimestre de 2021, 6,5 milhões no segundo trimestre, 32 milhões no terceiro trimestre e 29,5 milhões no quarto trimestre. - 24 de novembro
Mesma oferta com condições diferentes, com base no registro sanitário aprovado.
Fevereiro de 2021
- 15 de fevereiro
Oferecidas 100 milhões de doses. Seriam 8,7 milhões no segundo trimestre, 32 milhões no terceiro trimestre e 39 milhões no quarto trimestre.
Março de 2021
- 8 de março
Oferta de 100 milhões, com 14 milhões no segundo trimestre e 86 milhões no terceiro trimestre de 2021. Esse foi o contrato assinado com o governo brasileiro.
Abril de 2021
- 23 de abril
O segundo contrato por mais 100 milhões de doses, considerando 30 milhões no terceiro trimestre de 2021 e 70 milhões no quarto trimestre de 2021. Tratativas em fase final