1 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Flávio Bolsonaro troca Wassef por Rodrigo Roca, o ex-advogado de Sérgio Cabral

Wassef foi dispensado após se comparar com o presidente e não explicar se Queiroz chegou no seu escritório pulando o muro ou voando

O advogado Frederick Wassef, amigo da família Bolsonaro, complicou a vida do senador Flávio e seu pai, o presidente Jair, depois que o miliciano Fabrício Queiroz foi preso em sua casa, na semana passada.

Para tentar se explicar, Wassef apresentou informações desencontradas e resolveu criticar à cobertura do caso, sem ainda não ter explicado como o ex-assessor de Flávio Bolsonaro chegou até sua casa.

Ser questionado se Queiroz chegou lá pulando o muro ou voando pareceu ter sido o limite. E Wassef, que chegou a se comparar com Jair Bolsonaro, não está mais à frente do caso do filho senador.

O senador Flávio Bolsonaro contratou na noite deste domingo (21) o advogado Rodrigo Roca em substituição ao criminalista Frederick Wassef.

Roca foi advogado de Sérgio Cabral até 2018, quando o ex-governador decidiu fazer delação, contrariando sua estratégia de defesa à época. Cabral segue preso no Rio de Janeiro.

Cabral já acumula 13 condenações em casos de corrupção, com pena de 282 anos de prisão. Ele está preso no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, mesmo local onde Queiroz foi levado.

Apesar dos rumores de que deixou a defesa de Flávio por decisão do presidente Jair Bolsonaro, tanto o advogado como Flávio sustentam publicamente a versão de que essa foi uma decisão de Wassef.

“Não posso permitir que me usem para prejudicar o presidente. Deixo a defesa para proteger os interesses de Flávio”. Frederick Wassef, ex-advogado de Flávio Bolsonaro.

Wassef se orgulhava de ter sido, em sua versão, o primeiro a incentivar a candidatura de Bolsonaro à Presidência. O criminalista, que tomou a iniciativa de se aproximar de Bolsonaro em 2014, declarou amor ao presidente. Segundo ele, um homem puro, até ingênuo.

Vale lembrar: uma empresa ligada à ex-mulher e sócia do advogado Frederick Wassef recebeu R$ 41,6 milhões durante a gestão de Jair Bolsonaro). O valor se refere a pagamentos efetuados entre janeiro de 2019 e junho deste ano pelo governo federal para a Globalweb Outsourcing — empresa fundada por Cristina Boner Leo.

Os valores pagos à Globalweb em menos de um ano e meio da gestão Bolsonaro, R$ 41 milhões, já chegam aos pagos à empresa nos quatro anos de gestão compartilhada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), R$ 42 milhões.

Além disso, o novo governo fechou novos contratos com a Globalweb Outsourcing no valor de R$ 53 milhões — totalizando um compromisso de R$ 218 milhões a serem pagos pelos cofres públicos nos próximos anos.

Questionado, Wassef disse que os negócios da empresa não têm relação alguma com ele, acusou um ex-marido de Cristina de persegui-la e defendeu Jair Bolsonaro.