20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Gilmar Mendes diz que democracia não precisa de tutela dos militares

Ministro defende também a reestruturação da Justiça Militar, diante da politização dos quartéis, e punição rigorosa aos golpistas

Ministro Gilmar Mendes: punições para todos os golpistas independetemente de patentes

Direto de Lisboa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, declarou que a democracia no Brasil não precisa da tutela dos militares.

Em uma fala  ainda emocionada, após os ataques terroristas à Corte, em 8 de janeiro, ele defende punição exemplar para todos os envolvidos com a tentativa de Estado, após a invasão e a destruição das sedes dos Três Poderes da República, no dia 8 de janeiro.

O ministro diz que todos devem ser punidos com rigor e que isso vale também para os militares, “independentemente das patentes e das forças que integram”.

“Acho que há um interesse das próprias instituições de que haja a devida responsabilização e punição para que se diga que isso não foi ação da polícia, não foi ação do Exército ou de qualquer força. Foi ação de alguns com conduta desviante”, reforça.

De passagem pela capital portuguesa, onde tem falado sobre a resiliência da democracia brasileira, Gilmar reconhece que a tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as Forças Armadas continua, mesmo com a troca do comandante do Exército.

“As Forças Armadas têm um papel importante a cumprir, contudo, a democracia não precisa da tutela dos militares”, afirma.

O ministro recomenda aos fardados que não aceitam o resultado das urnas que deixem os postos e se candidatem a cargos eletivos. Ressalta, ainda, que a politização dos quartéis e a proteção aos acampamentos que se tornaram abrigos para terroristas são consequência dos quatro anos do governo Bolsonaro, quando o país se desviou do processo democrático. E propõe a reestruturação da Justiça Militar.