25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Hino nacional com slogan: MEC volta atrás novamente

Mensagem terminava com o slogan “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, durante audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado

Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação, mantendo sua série de recuos, afirmou nesta terça que o pedido feito pelo MEC para que escolas filmassem crianças cantando o Hino Nacional e entoando o slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sem autorização dos pais foi um “erro”.

A declaração foi feita pouco antes de o ministro participar de uma audiência na Comissão de Educação do Senado. A mensagem do ministro terminava com o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”.

Segundo a nota do MEC, a gravação da execução do Hino Nacional deveria ser precedida de autorização legal da pessoa filmada ou de seu responsável.

Dizia ainda que as imagens serão selecionadas “para eventual uso institucional”.

O ministro confirmou que a mensagem foi alterada e que o slogan não consta mais na carta. “Eu percebi o erro e tirei essa frase. Tirei a parte correspondente a filmar sem autorização dos pais”, disse o ministro, acrescentando que se algo for publicado será com a autorização dos responsáveis.

Mudanças

Na manhã de hoje, o MEC divulgou uma versão atualizada da carta assinada por Vélez, já sem o pedido para reproduzir o slogan de campanha de Bolsonaro.O texto, que falava em “saudar o Brasil dos novos tempos”, agora fala apenas em “saudar o Brasil”.

“A carta a ser lida foi devidamente revisada a pedido do ministro, após reconhecer o equívoco, tendo sido retirado o trecho também utilizado durante o período eleitoral”, diz o comunicado do MEC.

A medida do Ministério da Educação provocou reações no meio educacional e entre pais de estudantes. O Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação disse, em nota, que a ação fere não apenas a autonomia dos gestores, mas dos entes da Federação. Até mesmo o Movimento Escola sem Partido criticou a medida nas redes sociais.

Livros atrasados

O governo Jair Bolsonaro deixou de comprar 10,6 milhões de livros literários que deveriam ser entregues já neste ano a escolas públicas de todo país, pelo Ministério da Educação. E por negligência: parte dos contratos com as editoras já aprovadas não foram assinados

As aulas já começaram em várias redes pelo país e alunos estão sem seus livros. Das 256 editoras com obras selecionadas no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) específico para obras literárias, 96 ainda aguardam a assinatura ser efetivada. Os 10,6 milhões de livros equivalem a um orçamento de R$ 58 milhões.

O trâmite total do edital foi finalizado em novembro do ano passado e, neste ano, nenhum contrato foi assinado, segundo informações consultadas no Diário Oficial da União.

O atraso na definição da equipe do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) tem prejudicado os processos e comprometeu a finalização das compras. O FNDE é o órgão do Ministério da Educação responsável pela aquisição de livros para as escolas públicas.

MEC

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, já coleciona uma série de polêmicas em sua curta gestão. Ele já chegou ‘a dizer que a universidade não é para todos e defendeu incluir a disciplina educação moral e cívica no currículo do ensino fundamental “para os estudantes aprenderem o que é ser brasileiro e quais são os nossos heróis”.

Ele também já disse que o brasileiro viajando é um “canibal que rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola”

Na última semana, quando acusado de deletar vídeos sobre Marxismo nas páginas do MEC, o ministério liberou nota, acusando o jornalista que fez a denúncia de ser um “agente da KGB treinado em leninismo e marxismo”. Um texto, diga-se de passagem, cheio de erros de estrutura, equívocos gramaticais e uma completa fuga do tema, algo inaceitável no ENEM.