7 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

In Fux We Trust? Ministro determina preservação das mensagens e cópias para o STF

Decisão é uma reação à mais uma fase da Vaza Jato, essa da The Intercept Brasil em conjunto com a Folha

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal) , determinou que o Ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, e a Polícia Federal preservem as provas encontradas com os suspeitos de terem invadido contas de autoridades do aplicativo de mensagens Telegram.

Fux também determinou que uma cópia do inquérito seja remetida ao STF. A decisão foi tomada em ação do PDT, na qual o partido pedia que fosse impedida destruição das conversas obtidas pelos hackers.

Semana passada, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, afirmou ter recebido ligação de Moro, informando que “o material obtido pela PF seria descartado para não devassar a intimidade de ninguém”. Moro teria dito também que Noronha estava na lista de alvos dos suspeitos de hackearem autoridades brasileiras.

A decisão é uma reação à mais uma fase da Vaza Jato, essa da The Intercept Brasil em conjunto com a Folha, com mensagens que revelam que o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, incentivou colegas a investigar o ministro Dias Toffoli, em 2016.

In Fux We Trust

Fux é uma das autoridades mencionadas nas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil, que publica, desde junho, mensagens atribuídas a membros da Lava Jato. Em uma mensagem enviada a Moro, que na época era juiz, o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol escreveu “In Fux We Trust” (em Fux, nós confiamos).

o procurador Dallagnol diz ter conversado com Fux “mais uma vez”“O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos”. Moro, então, responde: “Excelente. In Fux we trust [‘Em Fux nós confiamos’, em tradução livre. A expressão faz referência ao lema nacional dos Estados Unidos: ‘In God we trust]”.

O diálogo teria acontecido em 22 de abril de 2016. Eis o trecho divulgado:

Dallagnol – 13:04:13 – Caros, conversei com o FUX mais uma vez, hoje
Dallagnol – 13:04:13 – Reservado, é claro: O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições
Dallagnol – 13:04:13 – Em especial no novo governo
Moro – 13:06:55 – Excelente. In Fux we trust
Dallagnol – 13:13:48 – Kkk

Dallagnol ainda menciona um outro ministro do STF: Teori Zavascki, então relator dos casos da Lava Jato na Corte, que morreu em um acidente aéreo, em janeiro de 2017 –portanto, 9 meses depois da conversa. De acordo com o procurador, o ministro teria “se queimado” após uma “queda de braço com Moro”.

Ministro nega

A conversa teria ocorrido em 22 de abril de 2016, um mês depois de Teori Zavascki, ministro do STF morto em 2017 em acidente de avião, repreender Moro por divulgar conversa telefônica entre a então presidente Dilma Rousseff (PT) e Lula. Após a publicação das mensagens, Fux disse que a conversa com Deltan nunca existiu.