30 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

INCT: Eleitores nem desconfiam que recebem fake news

São consideradas notícias falsas na pesquisa do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação as “produzidas de forma intencionalmente mentirosa”

Com as redes sociais, nunca a produção de conteúdo foi tão intensa. Entretanto, sem um gatekeeper, um responsável para filtrar para cada assunto discutido e o descaso com uma apuração de fatos, as produções não são necessariamente factuais. O que antes passaria como um simples boato ou ficção declarada, ganha ares de verdade graças aos milhões de novos formadores de opinião.

Whatsapp e Facebook são plataformas que propagam diversas interpretações deturpadas ou mesmo notícias inteiramente falsas em um ritmo alarmente, impedindo que as mesmas sejam desmentidas amplamente. E em tempos de pós-verdade, honras são destruídas, inocentes são linchados, governos mudam, pensamentos binários são levado às ruas e a anarquia digital se apresenta como um monstro que parece incapaz de ser detido. Especialmente em período de eleição.

Uma pesquisa realizada pelo INCT (Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação) demonstra que a maioria dos eleitores brasileiros não percebem que recebem notícias falsas de política. Entre 2.500 pessoas ouvidas no primeiro semestre de 2018, com representatividade nacional em várias faixas etárias e de renda, menos de um quarto respondeu que desconfiava do recebimento de fake news.

As entrevistas foram realizadas, coincidentemente, quando uma série de informações falsas a respeito da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março no Rio de Janeiro, foram disseminadas e compartilhadas nas redes sociais e em serviços de mensagens, com direito até a veiculação de informações que a vinculam ao tráfico de drogas.

A pergunta era: ‘Você desconfia de que recebe notícias falsas sobre política?’. Menos da metade dos que usam redes sociais para se informar disseram que desconfiam e, no total, menos de 24% dos que responderam a pesquisa disseram que desconfiam.

São consideradas notícias falsas nesse estudo “aquelas produzidas de forma intencionalmente mentirosa”. A definição exclui “rumores, fofocas ou opiniões, focando especificamente na produção de mentiras que têm como objetivo manipular e distorcer os debates políticos, disfarçando-os de notícias”.

Nas respostas, 7,7% afirmaram “não sei”, 23,9% afirmaram que “têm recebido” notícias sobre política que desconfiam que sejam falsas, e o restante, 68,3%, correspondem aos que responderam que “não recebem”.

TSE contra fake news

O ministro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou neste mês que o Facebook retirasse um perfil anônimo que divulgava fatos inverídicos sobre a ex-senadora e pré-candidata à Presidência da República Marina Silva.

E nesta semana, o presidente de TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luiz Fux, afirmou na quinta-feira (21) que a legislação brasileira prevê a possibilidade de anulação de eleições se o resultado for influenciado pela difusão de informações falsas ou fake news.