A capa da Revista Istoé, edição desta semana (21/06) expõe para a sociedade um panorama sobre a política nacional que é muito além de preocupante. É a completa aberração dos tempos de então.
Diz a revista em editorial que “esse é o pior congresso do País”. A capa é ilustrada com a sessão realizada por parlamentares bolsonaristas, no Senado Federal, com uma assessora de um parlamentar encenando o aborto de um feto em plenário.
A sessão foi comandada, na última terça-feira, 18, pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), que apresentou a encenação grotesca no parlamento, em defesa do PL que pune crianças e adolescentes estupradas e alivia a pena do estuprador.
A revista diz em seu editorial que “a começar por seus líderes: à frente da Câmara, Arthur Lira profissionalizou o fisiologismo de tal forma que suas chantagens são feitas às claras, sem pudor, quase com nota fiscal. Já o opaco Rodrigo Pacheco, no Senado, virou apenas um carimbador das demandas de Lira e seu pantagruélico Centrão, cuja fome por cargos e verbas é cada vez mais difícil de saciar”.
A IstoÉ reforça que “esse é o Congresso que reclama que o governo gasta muito, mas que exige cada vez mais dinheiro para suas próprias emendas”.
Na capa, o relato é contundente e mostra o perfil de uma geração política completamente desrespeitosa e sem noção da atividade que exercem.
E diz a revista:
Não foi a primeira nem a última, mas certamente a fotografia mais fiel do Poder Legislativo emergida da era fascista de Jair Bolsonaro é a chocante encenação feita, na segunda-feira (17), pela atriz e contadora de histórias Neydja Gennaro, funcionária do Senado, incorporando um feto recebendo uma injeção fatal em um aborto. Os uivos, berros e trejeitos mímicos do fictício embrião não prenderam apenas a atenção dos deputados e senadores sentados em volta do improvisado teatro em que se transformou o plenário de tapete azul do Senado Federal. Poucos metros acima, na galeria, 25 alunos do 5º ano do Centro do Ensino Fundamental 01, do Varjão, cidade-satélite do Lago Norte, que abriga uma das camadas mais pobres de Brasília, presentes a convite do autor do requerimento da sessão temática, o senador bolsonarista Eduardo Girão (Novo-CE) assistiu, sem aviso prévio, a um teatro patético, constrangedor e antipedagógico, oferecido levianamente a crianças daquela idade.
O CIRCO
O Circo chegou!
Pomposamente se instalou.
Sem arquibancada ou lona
Ruidosamente desvalida cena começou.
O circo chegou!
Diferente dos demais
Picadeiro não havia
Mas não faltavam acrobacias.
Da tribuna, que picadeiro parecia
Malabaristas de palavras
De mambembe teoria
Tergiversam infundadas certezas
De ideologias de vil lavra.
Discursos caotizados
De piadas mal feitas.
Impropérios verbalizados
Levianamente normatizados.
Declarando-se morais
Inteligência afrontam
Fatos confrontam,
Perplexo, não devo rir mais.
É a tragicomédia nacional em cena.
Encenando um patriotismo
Que outro destino não tem
Senão o abismo
Do nosso futuro em desdém.
O circo chegou!
Triste espetáculo apresenta
Só a si representa
Mas não falta quem lhe goste
Embora digno de escárnio e execração
Segue incólume em delirante encenação.
O circo chegou!
Para uma malfadada temporada.
Que logo termine esta turnê
Cuja alegria e eficácia não se vê,
Que venha a próxima
Com elenco capaz e história renovada.