3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

JN: Bolsonaro se esquiva de perguntas e discute com Renata Vasconcellos

Querendo tirar direitos trabalhistas, candidato do PSL afirmou que violência se combate com mais violência, ignora vítimas de balas perdidas e deu a entender que apoia novo golpe militar

Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência e líder de pesquisas sem Lula como opção, se esquivou até não poder mais para evitar temas mais espinhosos em entrevista ao vivo, na bancada do Jornal Nacional, nesta terça (28).

Os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos devem entrevistar Geraldo Alckmin (PSDB) na quarta (29) e Marina Silva (Rede) na quinta (30). Nesta segunda Ciro fora o entrevistado. Bonner informou que, apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi proibido pela Justiça de conceder entrevistas. Ele está preso em Curitiba desde 7 de abril.

Esquivas

Bolsonaro deixou Renata Vasconcellos visivelmente irritada quando o assunto foi desigualdade de salários entre homens e mulheres. Ele interrompia apenas ela, não Bonner, e questionou a diferença salarial entre eles.

Vasconcellos reiterou que não aceitaria receber menos que um homem que exercesse menos funções que ela (Bonner além de apresentador é também chefe-editor), lembrou que Bolsonaro exerce cargo público e apenas ele deve revelar salário.

Dentre as perguntas que se esquivou, Jair saiu pela vertente de seu auxílio moradia e ao falar sobre homofobia (ignorou citações suas sobre gays desvalorizarem condomínios ou que mataria um filho homossexual) e resolveu focar no “kit gay”.

Por diversas vezes, tentou mostrar o “material didático”, recomendando que crianças saíssem da sala, enquanto Bonner pedia que ele parasse. Bolsonaro começou isso tudo depois de mostrar sua indignação com o “seminário LGBT infantil”, algo que nunca existiu.

O candidato do PSL também evitou falar de seu brilhante plano de desemprego: menos leis trabalhistas, pois com leis empregar alguém seria inviável no Brasil. Mas sem detalhar quais direitos o trabalhador perderia. Seu “namoro” com Paulo Guedes também foi questionado, visto que Bolsnaro declaradamente não sabe nada de política e se veria refém de um outra pessoa para governar.

Golpe Militar

Algo que Jair preferiu não esconder foi suas predilições para a segurança nacional: uma escalada de violência. Mencionando apenas soldados mortos e ignorando vítimas de balas perdidas, sugeriu um cenário de guerra para controlar o crime no Brasil. Metralhadoras contra revolveres. Tanques de guerra contra metralhadoras.

Por fim, no seu momento menos velado, ignorou a história e disse que o Golpe Militar de 64 foi democrático e que poderia perfeitamente acontecer eu sem governo; o vice de sua chapa, General Mourão, já declarou anteriormente que se as instituições não funcionarem, os militares precisariam agir. E em seu encerramento, cutucou mais uma vez na mancha da Globo, ao lembrar como Roberto Marinho apoioi a ditadura, por ele chamada de “democrática”.

Cola na mão

Jair foi bem assessorado, desviou de assuntos, na mão escreveu uma cola com “Deus, Família, Brasil” em alusão à ridícula no debate da Record, como se precisasse se lembrar das coisas de vez em quando e falou sério sobre agir com violência e um possível golpe militar.

Ressaltemos novamente: o deputado há quase três décadas na politica, que colocou os filhos no mesmo caminho e ficou milionário seguindo esta carreira, representa o novo, é aclamado como Mito e fez muitos apoiadores do Golpe Militar saírem do armário pedindo tudo novamente.

O cenário não está bonito.