25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Jovem negro é espancado por vizinhos que achavam que ele roubava o próprio carro no Maranhão

‘Pensei que ia morrer’, disse o funcionário da Caixa que foi pisado no pescoço dentro do condomínio que ele mesmo mora

Gabriel da Silva, de 23 anos, se tornou mais uma ilustre vítima do racismo no Brasil. Isso porque sábado (18) ele foi espancado por dois vizinhos, um homem e uma mulher, que o acusaram de ser ladrão. Simplesmente por estar ao lado de seu carro, próximo de sua casa.

Um homem identificado como Jhonata, apareceu exigindo que Gabriel saia do veículo. A vítima recebe uma rasteira e começa a ser espancada. Uma mulher que acompanha Jhonata também ajuda nas agressões.

A todo mundo Gabriel argumentava que ele era o dono do próprio veículo e apontava a documentação do veículo em seu nome. Tentou até mostrar que ele é morador do condomínio. A mulher, inclusive, mora lá e é sua vizinha.

O espancamento só acaba quando um vizinho apareceu e explicou aos agressores que Gabriel falava a verdade. Neste momento, o pescoço do recepcionista foi pisado por Jhonata e ele temia por sua vida: “Eu senti que ia morrer. Mas graças a Deus um vizinho apareceu, e eu agradeço muito. Deus me fez aquele livramento”.

Recepcionista em uma agência da Caixa, Silva recebeu socos e chutes em plena luz do dia, dentro do condomínio onde mora. O boletim de ocorrência do caso foi registrado no dia ao das agressões, que foram filmadas por câmeras de segurança do condomínio. A Polícia Civil informou que está investigando o caso.

“Eu quero que aconteça a justiça. É revoltante uma situação dessa, por achar que, por ser magro, negro, não poderia ter um carro. Quero que haja justiça porque isso não pode acontecer com as pessoas. Se fecharmos os olhos, isso pode acontecer até pior até com um familiar nosso. Isso é racismo. É crime”. Gabriel da Silva.

Advogado da vítima, Marlon Reis disse à reportagem que vai defender o jovem para qualificar o caso como injúria racial.

“Em primeiro lugar nós vamos lutar para que o caso seja enquadrado como injúria racial, e não como simples injúria. Ele foi vítima de injúria racial e de graves lesões físicas. Na verdade, até atentaram contra a vida dele porque tentaram asfixiá-lo com os pés e com o braço, como dá para ver nos vídeos”. Marlon Reis.

O jovem também está sendo apoiado pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascaran, que organiza -junto com outras entidades locais, como o sindicato dos bancários do Maranhão- um ato em apoio ao jovem. “Nossa intenção é dar visibilidade e produzir justiça”, diz convocação do ato.