19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lira segue aliado de Bolsonaro e comandou boicote no ato de defesa da democracia

Presidente da Câmara se reuniu com ex-presidente na manhã do dia 8 e segue liderando um Centrão sedento por emendas bilionárias

Arthur Lira, presidente do Congresso, cancelou sua participação em ato de defesa da democracia, nesta segunda (8), alegando motivos de doença na família. A enfermidade foi a proximidade com Jair Bolsonaro, afinal ele se reuniu em Alagoas com o ex-presidente no mesmo dia que Lula membros dos três poderes para refutar os ataques em Brasília um ano antes.

Lira foi portanto o líder do boicote ao evento, apoiado por mais de 91% da população – ainda há 9% de pessoas que dizem apoiar a destruição ocorrida ou mesmo relaxar a pena dos envolvidos nos atos antidemocráticos. Sem Lira, deixaram de ir nomes do centrão e do lado mais avançado da direita, como o governador Romeu Zema (MG), que de última hora resolveu não ir.

Leia mais: Renan dispara contra Arthur Lira: ‘Se comporta como bolsonarista que é

O pretexto usado para quem não foi: se tornou um ato político. Bem, como se membros “do outro lado” da política resolvem se ausentar, claro, fica mais fácil dizer que foi um evento “de esquerda” ou “do PT”. Além do mais, qual interesse eles tem para repudiar o que aconteceu no ano passado se quem está preso praticamente são bolsonaristas ou criminosos insatisfeitos com o resultado das eleições 2022?

Quando Lula venceu, Arthur Lira foi um dos primeiros a se pronunciar e parabenizar o petista por derrotar Jair Bosloanro – que ficou meses em recluso, calado, em “depressão profunda”, esperando por uma insurgência popular e que os militares ficassem ao seu lado. Isso nunca aconteceu.

Mesmo assim, apesar das aparência, Lira não consegue esconder as evidência e prefere ficar do lado de Bolsoanro e seu exército de bolsonaristas. Mesmo com Lula oferecendo ministérios chave e até mesmo o controle total da Caixa, Arthur Lira quer mais.

Ele buscou manter não só o sistema bilionário de emendas parlamentares (que há quem diga facilitar e muito desvio de verba com uma corrupção turbinada nunca vista antes no país), como também mantê-las obrigatórias no orçamento.

Lira não poderá mais ser reeleito presidente da Câmara. Ele quer garantir seu futuro político colocando um nome seu como presidente da Câmara. Além disso, ele quer apoio (em outras palavras, dinheiro) para seus candidatos a prefeito e vereador nas eleições municipais desse ano.

Leia mais: Arthur Lira é “ladrão” e “meliante”, afirma Renan
Renan acusa Arthur Lira de lavar dinheiro do orçamento secreto em Prefeituras

É normal. A cada dois anos (ou mesmo menos), políticos escanteiam as necessidades nacionais para seus interesses próprios e infelizmente faz parte. Mas não foi normal o café da manhã com o inelegível que não só orquestrou, que jogou a gasolina e o fogo no descontentamento dos perdedores que cantavam hino para pneu, oravam para aliens e acreditavam em absurdos como a prisão de Alexandre de Moraes.

Dentro os vários erros que Lula 3 começou, o maior de todos foi tentar se aproximar de Lira. Claro, é presidente do Congresso, o que pauta a votação de centenas de deputados, mas o presidente do Executivo foi eleito com um mantra da população: sem anistia. E se Lira quer continuar deitando e rolando com Bolsonaro e emendas, está sendo algo difícil de engolir.

Leia mais: Kit Robótica: Gilmar Mendes suspende inquérito que tinha Arthur Lira como peça chave