A morte é uma senhora muito mal educada. Quase sempre leva quem a gente ama sem pedir licença. Imagino que, se perguntarem a ela se isso é verdade, certamente ela vai dizer: “Não, não, pois aviso sempre, dou sinais, coloco scripts na cara de vocês”. Também vai dizer que é sócia da vida, portanto, tem todo o direito a sua parte nas historias humanas.
Enfim, é bem difícil argumentar com a morte (mesmo sendo Espírita). Por isso mesmo, só hoje consegui quebrar o silêncio para desaguar um pouco da minha dor no mar das palavras. Meu primo Marcelino Freitas Neto, é certo, tinha sobre a cabeça a sentença dELA, mas a vontade de tê-lo mais tempo entre nós, de tentar dar uma qualidade de vida a ele, de quem sabe, conseguir tirá-lo do isolamento, de vê-lo sorrindo, entre familiares e amigos, e fazendo piada de tudo era muito mais forte.
Isso era puro egoísmo de minha (de nossa) parte? Pensava que sim, sempre que ia visitá-lo e via aquele sofrimento todo, então, muitas vezes (inclusive na véspera da partida dele) fiz preces pedindo que Marcelino tivesse o merecimento de não mais sofrer, de seguir adiante na qualidade de espírito imortal. Nas palavras sábias do Mestre Jesus, busquei o consolo: “Tudo passa”.
Na manhã do primeiro dia de 2019 (é claro, ele não esperaria a posse do novo presidente), Marcelino se foi. E toda certeza de que isso era o melhor para ele pareceu cair por terra, porque vieram as lágrimas e a momentânea desesperança, coisa de gente. Humanos, ainda não conseguimos colocar em prática a fé que se alegra com o retorno de um ente querido à Pátria Espiritual.
Enfim, na reta final, além de buscar o consolo espiritual, foi muito bom contar com o calor dos amigos, dos amigos de amigos, de pessoas de diferentes tribos, que, no decorrer de um ano e meio, chegaram junto da família para ajudar a dar o conforto mínimo necessário a Marcelino. Todos a sua maneira, mais uma vez, deram um jeito de dizer “estamos aqui”. Estavam mesmo conosco, de alguma forma, naquele dia difícil.
Então, é hora de agradecer o carinho, o apoio material e espiritual de todos os encarnados e desencarnados que nos auxiliaram. Não enfrentaríamos tudo isso sem essa corrente do bem. Agora, independente de qualquer credo religioso, vamos pensar que Marcelino Freitas Neto cheirou o famoso pó de pirlimpimpim (aquela poeirinha mágica usada pelos personagens do Monteiro Lobato) e viajou para outra dimensão.
Deve estar bem livre das limitações impostas pela terrível Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), nos braços de tio João e de tia Gracinha. Aliás, ele literalmente, virou pó, já na tarde de quarta-feira, e não tem nem mais medo de avião. Não é isso, companheiro? Com amor, minhas lágrimas e minha homenagem.
Um pouco da trajetória de Marcelino
Formado em Relações Públicas e Jornalismo, Marcelino Freitas Neto foi presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas/ABRP/Seção Alagoas, gestão 2004/2005; integrante da Diretoria Nacional da ABRP , gestão 2006/2008; integrante do Conselho Regional de Relações Públicas – CONRERP / 9ª Região AL/SE) – gestão, 2004/2006; vice-presidente da ABRP, gestão 2007/201; diretor de Comunicação Social e Eventos da TV Comunitária de Maceió (TVCOM / NET), gestão 2010/2013; coordenador de Comunicação Social e Eventos do Comitê FNDC Alagoas / Jornalista Freitas Neto, gestão 2012/2014; secretário geral da ABRAÇO Alagoas, gestão 2013/2015; diretor secretário da TV Comunitária de Maceió (TVCOM / NET), gestão 2013/2016; e coordenador secretário do Comitê FNDC Alagoas / Jornalista Freitas Neto – p2014/2016.
Atuou no Jornal Gazeta de Alagoas (1997/1998 – 1999/2002) ; foi produtor do Camisa 12 (Programa Esportivo), apresentador do Bola pra Frente (Quadro Esportivo) na TVCOM – NET (2005-2006) e na TV Maceió – JET (2007); apresentador do Programa Esportivo Bola pra Frente – Rádio Metrópole FM 107,1 (2007); assessor de Comunicação Social e Marketing da Companhia Municipal de Administração, Recursos Humanos e Patrimônio de Maceió – Comarhp (2005/2006); assessor de imprensa do Conselho Regional de Odontologia de Alagoas – CRO/AL (2008/2009); assessor de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Alagoas – SINDIMETAL (2009) e assessor de Comunicação Social do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas – CRP/15 (2006 até junho de 2017).
Graça querida, seu texto é mais um gesto de amor por seu primo, como tantos outros que vi nestes tantos anos. Quero que todos vocês recebam meu abraço fraterno, com tristeza sim, mas também com serenidade por saber que Marcelino foi descansar. Tenho uma ótima lembrança dele em sala de aula, como um aluno interessado, atento, responsável, curioso, daqueles alunos que estimulam uma aula. Assim como você e Carlos. Aprendemos a nos querer bem e nos respeitarmos, o que também é uma prática amorosa.Sigamos. Descanse em paz Marcelino!