29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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Mr Catra, a bancada evangélica e a orgia na partilha do poder

Se estivesse vivo, o bordão do lendário funkeiro Mr Catra se encaixaria perfeitamente na relação entre o presidente da República eleito e a bancada evangélica nesta fase de transição do governo: – Vai começar a p…taria!, exclamava o finado, no início de cada show.

O protagonista das cenas de humilhação (risos) é o senador Magno Malta, que hoje poderia ser o vice-presidente, mas rejeitou o convite do então candidato “azarão” e preferiu tentar a reeleição. Acabou “demitido” pelos capixabas e hoje é o elefante na sala, ou um “camelo” nas sábias palavras do general Mourão, o real vice-presidente.

É cobra comendo cobra. Um dos ofídios mais venenosos, o pastor Silas Malafaia, da ramificação Vitória em Cristo, da Assembleia de Deus (será dele mesmo?), toma as dores de Malta e mandou um recado nada sutil ao futuro mandatário da Nação:

“Não faço parte do núcleo político de Bolsonaro. Não sei como algumas coisas funcionam. Mas não concordo que Ana Amélia, vice de Alckmin, que sempre criticou Bolsonaro, que só declarou apoio no segundo turno, tenha espaço. Malta não, perdeu a eleição porque fez campanha para Bolsonaro”, afirmou o pastor indiciado na operação Timóteo, onde terá que explicar o “milagroso” aparecimento de R$ 100 mil em suas contas.

Essa de que o senador perdeu a eleição porque se dedicou à eleição para presidente é balela. Coxinha sempre inventa uma desculpa para tudo, até para seus fracassos. Nunca assumem a culpa por nada. É muita arrogância se achar responsável pela eleição de Bolsonaro.

A verdade é que, enquanto pessoas sem nenhuma capacidade como Marco Feliciano já têm um ministério para chamarem de “seu”, Magno Malta, segundo o Estadão, teria jogado a toalha e se isolado em um sítio dizendo-se “magoado e machucado”.

Vendo a postura destes “homens de Deus” e sua sede pelo poder, me impressiono com a falta de discernimento dos frequentadores de igreja (sim, porque para ser cristão, o buraco é mais embaixo) ao dar moral a estas criaturas.

O mestre que eles dizem venerar veio à Terra, deixou uma mensagem baseada no amor e no desapego. Se fez milagres e incomodou um Império do tamanho do Romano, poderia ser um dos homens mais poderosos (politicamente falando) dos tempos antigos.

Acabou sendo julgado como bandido, torturado e morto da forma mais humilhante e cruel da época. Mas, não se vendeu e nem se rendeu a conchavos com políticos por privilégios. E nem tinha um ego maior do que a alma.

Afinal, como eleitor e cidadão, você é um cristão ou um frequentador de igrejas?