Há bem pouco tempo a elite brasileira – desde empresários à classe média conservadora – vivia a condenar o programa Bolsa Família e com uma veemência cruel.
Tinha-se como argumento a velha máxima de que “melhor é dar-lhe a vara e o anzol do que o peixe”.
E mais: Que o bolsa era a esmola para manter vivo os currais eleitorais do País e que o novo governo brasileiro iria acabar com isso, em nome da nova política.
Memória recente.
Mas, sabe, essa história sumiu, convenientemente. Ninguém acabou com o Bolsa Família e o silêncio se fez dono.
O pior é que também não apareceu ninguém para ensinar o homem a pescar. A situação é dramática, com o crescimento da população em situação de miséria no País, que hoje está mais para isca do que anzol.
A elite sabe, vê, mas não enxerga.
As calçadas estão lotadas de famílias sob tetos de papelão. As esquinas repletas de jovens e idosos pedintes, exibindo cartazes mal escritos com o alerta: “Tenho fome“.
E por eles passam os engravatados, como gaivotas brancas silenciosas.
Os mesmos que sempre defenderam o estado mínimo para o próprio bem estar da minoria, do mercado, do status que lhes acompanha, porque, na concepção elitista, o resto é ralé.
Não há a mínima consideração por uma legião de mais de 14 milhões de desempregados. Muitos hoje a dependerem do Bolsa Família e de todo e qualquer auxílio que possa ter.
Aliás, hoje, por alguma razão – que a própria razão bem conhece – não se fala mais nem em pescaria. Quanto mais no peixe.
Tende a piorar. Principalmente em um país onde se atrofia a democracia com retrocessos nas leis e o desmonte dos programas sociais.
Eis portanto uma situação a depender do “chão da fábrica”, simbolizado na Câmara Federal, no discurso de posse do deputado Arthur Lira (PP), como presidente.
Só que a engenhosidade dessa “fábrica”, entre uma festa e outra, desde a reforma da previdência, tem sido um tiro nas costas da maioria dos brasileiros.
Se lá está o chão da fábrica, resta saber quando chegará a hora do povo excluído balançar o chão da praça…
Ao ver essa imagem o primeiro sentimento que me avassala é a lembrança de minha mãe fazendo os cálculos do que conseguiria comprar com o que tinha em mãos dentro de um supermercado .Ela desfaleceu em meio aos pensamentos e lágrimas.Foi socorrida por um conhecido,graças a Deus.Ao chegar em casa, em meio ainda aquele turbilhão de emoções, não conseguia explicar o que havia acontecido.So lembrava de um sentimento muito forte de inutilidade e desesperança! Isso faz 40 anos.
A hora quem faz somos nós. Mas, cadê nós? Em luta, fora das bolhas, 0,1% dos 1%.
Pelo menos vamos encher o saco das instituições, conselho tutelar, governo estadual, municipais, juizado da infância, DP…