20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Na Onu, Bolsonaro ataca Lula em discurso eleitoreiro

Presidente afirmou que os atos eleitorais realizados no último 7 de setembro foram “a maior demonstração cívica da história” do país

O presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou a tribuna da ONU (Organização das Nações Unidos) em palanque eleitoral ao atacar o adversário nas urnas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citar atos em favor da sua candidatura à reeleição no 7/9 e abordar temas como corrupção na Petrobras e preço dos combustíveis.

Bolsonaro fez um discurso de 20 minutos na abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, dias depois de ter recebido críticas por usar o funeral da rainha Elizabeth 2ª para fazer campanha.

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Contra a Esquerda

Sem fazer menção nominal ao ex-presidente Lula, Bolsonaro citou os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, estatal de maior projeção no mercado internacional, e declarou que “o responsável por isso foi condenado em três instâncias”.

Jair omitiu, no entanto, que as sentenças foram derrubadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Por esse motivo, o petista não responde criminalmente e está elegível.

Bolsonaro se referiu aos governos do PT, que o antecederam no período de 2003 a 2018, como “a esquerda” —em alinhamento à estratégia de polarização ideológica, uma de suas bandeiras de campanha.

Bolsonaro afirmou na tribuna da ONU considerar que os atos eleitorais realizados no último 7 de setembro, quando se comemorou o bicentenário da Independência do país, foram “a maior demonstração cívica da história” do país.

“Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade.”

Repercussão internacional

O tom eleitoral do discurso de Bolsonaro chamou atenção na imprensa internacional. O New York Times, por exemplo, um dos maiores jornais americanos, afirmou que o postulante à reeleição “fez campanha” na ONU.

“Em um palco mundial, o presidente do Brasil faz campanha para uma posição que ele pode perder”, diz o texto do jornal norte-americano, acrescentando que a fala foi mais contida que a do ano passado, quando defendeu medicamentos ineficazes para o tratamento da covid-19.

A agência de notícias AP apontou que Bolsonaro parecia “em plena campanha eleitoral” e pintou um “panorama rosado” da economia do país.

O argentino Clarín também citou o tom eleitoral. “Jair Bolsonaro fez campanha na ONU”, diz o título do texto. “Seu discurso de pouco mais de 15 minutos [teve] fortes indicações de ato de campanha, a pouco menos de duas semanas para as eleições”, escreveram.

Primeiro a discursar

Conforme é tradição na Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro foi o primeiro chefe de Estado a falar no evento, na sede do órgão, em Nova York.

Ele estava acompanhado da primeira-dama, Michelle, e dos ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e das Relações Exteriores, Carlos França.

Desde que assumiu o poder, Bolsonaro tem usado a tribuna da ONU para reforçar posições do governo, rebater críticas e atacar instituições relacionadas à esquerda.