15 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

‘Não ponha palavras na minha boca’: Mendonça e Moraes discutem durante julgamento

Réu em julgamento gravou um vídeo enquanto estava na mesa diretora do STF pedindo “intervenção militar federal” no 8/01

Alexandre de Moraes e André Mendonça, ambos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), bateram bate-boca ao vivo e em cores durante o julgamento do primeiro réu dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Tudo começou quando Mendonça sinalizou que não via razão para condenar o réu por tentativa de golpe de Estado.

Ex-advogado-geral da União e ministro da Justiça e Segurança Pública (de 2020 a 2021) durante o governo Jair Bolsonaro, Mendonça questionava onde estava o efetivo da Força Nacional e da guarda do prédio.

Alexandre de Moraes então pediu a palavra e disse que a fala do colega era “absurda” e insinuava que o governo teria participado de uma conspiração contra si mesmo.

Moraes lembrou que ex-comandantes da Polícia Militar foram presos, assim como Anderson Torres, que sucedeu Mendonça no Ministério da Justiça.

Depois do entrevero, Gilmar Mendes lembrou que a cadeira de Mendonça havia sido jogada na rua e que o 8/1 foi longe de ter sido um “domingo no parque”.

O réu

Aécio Lúcio Costa Pereira, de 51 anos, é de Diadema (SP). Durante a invasão, ele gravou um vídeo enquanto estava na mesa diretora da Casa. Ostentando uma camisa com os dizeres “intervenção militar federal”, ele se dirigiu aos “amigos da Sabesp” no vídeo, que foi exibido durante a sessão.

Pereira acabou preso pela Polícia Legislativa dentro do próprio plenário e continua detido nove meses depois. Já em janeiro, ele foi demitido da Sabesp.

Ele responde pelos crimes de abolição violenta do Estado de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado por meio de violência e grave ameaça, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa armada.