3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Opinião

O que esperar do novo Congresso?

A partir desta quarta-feira, o Brasil vai conhecer parte das estratégias dos novos congressistas na Câmara e no Senado

Por Caio Bruno*

Uma nova legislatura para o Congresso Nacional: Como será?

A partir desta quarta-feira (1/2) os 513 deputados e 27 senadores eleitos em 2 de outubro de 2022 tomam posse e tem início a 57ª Legislatura do Poder Legislativo Federal. Os novos parlamentares, reeleitos ou não, chegam a uma Brasília com um novo presidente da República e sem a mesma configuração de poder e benesses de seus pares que encerraram agora os mandatos. Não há mais tanto poder do Centrão (por ora) e nem o chamado Orçamento Secreto, derrubado pelo STF em dezembro passado.

Mas o que o Governo Lula 3 e a sociedade podem esperar desse novo Congresso? Com certeza para o petista será um cenário bem diferente do encontrado em seus dois primeiros mandatos onde entre altos e baixos obteve maioria tranquila. Dessa vez, os sinais são diferentes. A extrema direita bolsonarista emergiu e conta com tropa de choque fiel e barulhenta, além disso o apetite do Centrão, que dá as cartas há anos, aumentou e muito de lá pra cá.

A maior dificuldade de Lula será, como nos outros governos, no Senado. Se antes havia predominância do PSDB, do então PFL e setores do então PMDB refratários à sua gestão, agora a Casa Alta conta com baluartes do bolsonarismo e do lava jatismo na oposição direta ao presidente. São os casos, por exemplo, dos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Hamilton Mourão (Republicanos – RS), Damares Alves ( Republicanos – DF) e Sérgio Moro (União – PR).

Com Arthur Lira (PP-AL) quase ungido para a presidência da Câmara e o favoritismo de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre o ex-ministro de Bolsonaro, Rogério Marinho (PL-RN), para o comando do Senado, a governabilidade do petista está assegurada. Claro que ao preço cobrado pelo presidencialismo de coalizão que a Constituição Federal de 1988 impôs, ou seja, cargos, emendas e espaços. Por outro lado, com um Congresso mais conservador e ideológico à direita, os próximos quatro anos não terão avanço em pautas caras à esquerda voltadas à costumes, liberdades individuais e demais temas polêmicos. Os projetos econômicos tendem a transitar com mais facilidade enquanto os projetos sociais que podem dar capilaridade eleitoral serão alvo de duras negociações. Mais do que nunca, Lula terá que exercer seu poder de negociação e acomodação de interesses.

Para a sociedade, tão distante e ao mesmo tempo cada vez mais acompanhando o noticiário do Planalto Central, cabe a fiscalização, o acompanhamento e a cobrança do trabalho dos parlamentares. Sem esperar mudanças bruscas, ações milagrosas e o paraíso na Terra. Caso alimente ilusões e idolatrias a decepção é certa.

 

*Caio Bruno é natural de São Bernardo do Campo e residente em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo. Graduado em Jornalismo (USCS-2007) com Pós-Graduação em Comunicação Empresarial (UMESP-2018) e especialização em Marketing Político (PUC-SP – 2019), nascido em uma ensolarada tarde de primavera em outubro de 1984.