28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

PF conclui que Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, cometeu crime de corrupção

Propinas pagas pelo empresário Joesley Batista garantiram o apoio do PP à reeleição da petista

A PF (Polícia Federal) conclui o relatório final do inquérito que apurou suposto repasse de propinas do grupo J&F ao hoje ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI). Ele teria feito isso em troca de apoio do PP à chapa Dilma-Temer, em 2014.

O relatório foi entregue ontem ao Supremo Tribunal Federal. O documento foi enviado à ministra Rosa Weber, relatoria do inquérito, que deverá repassar o documento à PGR. Caberá à Procuradoria avaliar se arquiva o caso ou apresenta denúncia.

São 61 páginas, assinadas pelo delegado Rodrigo Borges Correia, com a conclusão de que houve repasse de propinas para Ciro Nogueira, pagas pelo empresário Joesley Batista, para garantir o apoio da legenda à reeleição da petista.

“Joesley Mendonça Batista, por solicitação de Edson Antônio Edinho da Silva e auxiliado por Ricardo Saud, fez repasses de vantagens indevidas para Ciro Nogueira Lima Filho, visando a garantir o apoio do Partido Progressista às eleições da presidente Dilma Rousseff, no ano de 2014. Parte da vantagem indevida foi encaminhada ao Partido Progressista, por determinação de Ciro Nogueira Lima Filho, por intermédio de doação oficial, como consta nos recibos da prestação de campanha”.

Uma parte da propina teria sido repassada em espécie por meio de um supermercado do irmão de Ciro Nogueira. O relatório aponta que Ciro Nogueira teria cometido corrupção passiva, mas não pede o indiciamento do ministro. Isso ocorre porque há um entendimento de que a PF não pode indiciar autoridades com foro no STF.

Outro lado

O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de Ciro Nogueira, afirmou que a conclusão da PF “é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa”.

“Até porque a narrativa das delações não se sustenta. A Defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal”.

Ciro Nogueira foi aliado da gestão petista até o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Hoje, é um dos principais ministros do presidente Jair Bolsonaro e foi um dos articuladores da entrada do chamado “Centrão” no governo. O PP, partido do ministro, já declarou apoio à reeleição de Bolsonaro neste ano.