28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Próximo ministro das Relações Exteriores: Europa sem cultura, aquecimento é marxista

Escolha do novo chanceler foi recebida como uma confirmação de que o governo brasileiro buscará uma aliança com Donald Trump

Autoridades da União Europeia estão preocupados com a postura do futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Seus textos acadêmicos, que passaram a circular pela comunidade diplomática em Bruxelas, já apontem uma problemática relação do novo governo brasileiro em relação aos europeus.

O novo ministro chega a dizer em um dos textos que a Europa significa hoje “apenas um conceito burocrático e um espaço culturalmente vazio regido por ‘valores’ abstratos”.

Trechos de seu texto chamaram a atenção nos corredores em Bruxelas, principalmente diante das críticas em relação à construção da UE. Nele, o futuro chanceler aponta que “a fundação da União Europeia anulou, pasteurizou todo o passado”.

“Os europeus de hoje podem até estudar sua história, mas não a vivem como um destino, muito menos a celebram, nem a entendem como ‘sua’, não veem nela um sentido nem um chamado”, escreveu.

Suas críticas foram publicadas nos Cadernos de Política Exterior, do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), no ano passado. No texto, o futuro ministro indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro sai em defesa das políticas de Donald Trump e seu papel em “salvar” o Ocidente. No Parlamento Europeu, a notícia sobre o novo ministro também foi recebida com “cautela”.

A escolha do novo chanceler foi recebida como uma confirmação de que o governo brasileiro buscará uma aliança estratégica com os Estados Unidos.

Meio Ambiente

A escolha do embaixador Ernesto Henrique Araújo também foi vista como uma decisão preocupante para o meio ambiente. O tom mais crítico em relação à escolha do novo ministro das Relações Exteriores foi publicado em reportagem do jornal britânico ”The Guardian”. Segundo o texto, a indicação de Araújo preocupa ambientalistas em todo o mundo.

“Bolsonaro escolheu um novo ministro das Relações Exteriores que acredita que a mudança climática é parte de uma trama de ‘marxistas culturais’ para sufocar as economias ocidentais e promover o crescimento da China. (…) Sua nomeação, confirmada por Bolsonaro na quarta-feira, deve causar um arrepio no movimento climático global”.

Segundo o jornal inglês, especialistas em negociações climáticas disseram que a nomeação foi triste para o Brasil e para o mundo. O diplomata, ”que nunca serviu como embaixador no exterior, alega que políticos esquerdistas não identificados sequestraram o ambientalismo para servir como uma ferramenta para a dominação global”, diz.