21 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Sabatina secreta, Senado, PSL e Bolsonaro conspiram para Eduardo ser embaixador

Presidente da CCJ que vota impedimento é do PSL, Maia diz que PL não está em pauta e até mesmo a sabatina pode ser de portas fechadas

Eduardo Bolsonaro já disse que aceita a indicação do pai para o cargo

O projeto de lei de nepotismo que poderia barrar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador brasileiro nos EUA foi aprovado por unanimidade hoje. O próximo passo é ser analisado por uma comissão presidida pelo partido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), do qual o próprio Eduardo é líder estadual.

Porém, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou que não há “nenhuma chance” do PL ser pautado em plenário antes da sabatina do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para o cargo de embaixador nos Estados Unidos.

“Não existe projeto aqui que tenha nome e seja contra alguma pessoa. Se o projeto do nepotismo passar, ele não será misturado nem acelerado porque o presidente (Jair Bolsonaro) vai encaminhar o nome do filho a uma indicação de embaixada. Essa será uma decisão do Senado. O deputado será sabatinado e aprovado ou rejeitado pelo plenário”. Rodrigo Maia, presidente da Câmara.

Para piorar, o projeto de Lucena seguirá antes para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara, que é presidida pelo deputado federal Felipe Francischini, do PSL, o mesmo partido de Bolsonaro.

Francischini já afirmou publicamente que a indicação de Eduardo para a embaixada não é um caso de nepotismo e que o filho do presidente tem qualificações suficientes para representar o país.

Sabatina secreta

A sabatina de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no Senado, que tem que aprovar o nome dele para a embaixada do Brasil nos EUA, pode ser secreta. A sinalização foi dada pelo senador Nelson Trad (PSD-MS), que preside a Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Numa sabatina com candidatos às embaixadas da Bulgária e da Hungria, o senador afirmou que, se os diplomatas “assim quiserem”, a sessão ser fechada. Eles seguiram falando em audiência aberta. A sessão secreta está prevista na Constituição, mas via de regra ela ocorre de forma pública. Nelson Trad afirma que apenas seguiu uma praxe.

“Eu leio esse texto nas sabatinas de todos os embaixadores. É praxe. Se algum deles quiser tratar de questões delicadas e, por questão de segurança nacional, pedir que a sabatina seja fechada, nós podemos atender, depois de aprovação do plenário. Não tem a ver com a sabatina do filho do presidente Jair Bolsonaro. Qualquer coisa que a gente faz agora dizem que é por causa do Eduardo”. Nelson Trad, senador (PSD-MS)