17 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Salário Mínimo tem aumento abaixo do ganho real e pobre segue prejudicado

Enquanto isso, faixa de renda dos brasileiros mais pobres, com renda menor que R$ 1.643,78, foi a única que perdeu rendimento real nos três primeiros trimestres do ano

O Congresso aprovou hoje a proposta de Orçamento prevendo aumento de salário mínimo dos atuais R$ 998 para R$ 1.031 no ano que vem.

Este reajuste de R$ 33 corresponde apenas a correção pela inflação, com base na previsão do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) sem ganho real em relação ao salário mínimo de 2019, mantendo o mesmo nível de antes, considerando a alta do custo de vida.

O valor ainda é uma previsão, já que o reajuste é determinado por decreto presidencial, que costuma ser assinado nos últimos dias do ano. Até lá, o valor do mínimo ainda pode ser alterado, dependendo da previsão da inflação quando o decreto for assinado. E pode ser reajustado pra baixo.

Isso aconteceu no ano passado, por exemplo, quando o Congresso aprovou a previsão de R$ 1.006 para o mínimo em 2019, mas o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que estipulou o valor em R$ 998 no dia 1º de janeiro.

Pobre saiu perdendo

A faixa de renda dos brasileiros mais pobres, com renda menor que R$ 1.643,78, foi a única que perdeu rendimento real nos três primeiros trimestres do ano, segundo estudo feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ao todo, 51,8% dos brasileiros mais pobres não tiveram ou perderam rendimentos nos nove primeiros meses do ano.

Os dados têm como base a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e a inflação por classe social medida pelo próprio Ipea. As informações do estudo usam como correção o indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado mensalmente.

Cruzados com os dados da PNAD, os dois últimos trimestres registraram queda nos rendimentos entre os mais pobres, de 1,43% e 0,34%, respectivamente. No ano, a queda somada é de 1,67%.

Nas outras cinco faixas de renda, os brasileiros tiveram melhora de rendimentos. O destaque desse estrato foi a classe média da faixa 4, com rendimento mensal entre R$ 4,1 mil e R$ 8,2 mil por domicílio. Nessa faixa, a alta nos nove primeiros meses do ano foi de 13,1%.