Quem passou, hoje pela manhã, no entorno do prédio centenário da antiga Intendência Municipal, na Praça dos Martírios, deparou-se com um cenário novo: O palacete abandonado pelo poder público, depredado, transformado em depósito de lixo e de fezes, em pleno Centro de Maceió, amanheceu ocupado.
Famílias sem teto, ligadas ao movimento Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade – montaram acampamento no local. Marcaram território.
As barracas de lona preta, os colchões espalhados pelo chão, o peixe sendo tratado à vista da calçada, o fogareiro aceso, agora se somam e dão vida nova ao cenário deprimente que tantos olhos registram com tristeza, ao passar diariamente pelo local.
Já falamos muito, por aqui, sobre a situação daquele palacete construído no século passado (em 1909) – antiga sede, do governo municipal e de vários órgãos públicos, localizado em meio a um dos mais expressivos complexos arquitetônicos da capital, que inclui a Igreja de Bom Jesus dos Martírios e o imponente Palácio dos Martírios e vizinho ao Palácio República dos Palmares, sede do governo estadual.
Veja:
Abandono e perigo de prédios que agonizam
Semana passada, exatamente na sexta-feira (27), fizemos umas fotos da grande quantidade de lixo – principalmente metralha, que denuncia o acelerado processo de destruição do prédio histórico (mais um). Não publicamos para não cansar o leitor. Até porque, localizado onde está, a situação do prédio não é por uma questão de invisibilidade ao poder público. É descaso, mesmo. Puro abandono. Virou terra sem dono.
Bom, pelo menos agora, o que o governo não quer (refiro-me ao poder público), apareceu quem queira.
Que seja um teto para quem não tem teto.
Notas de atualização (em 01/10):
- Fizemos alteração no título – onde antes havia ‘estado’, agora colocamos ‘poder público’ – porque, no entendimento da Secom do Estado, estava levando à conclusão equivocada de que o prédio pertence ao governo estadual. Nossa citação de estado era enquanto poder público, mas, por via das dúvidas, achamos justo alterar.
- Na verdade, o prédio pertence ao governo municipal, que em agosto passado anunciou tomada de preços para a reforma e revitalização da antiga sede da Intendência Municipal, onde seria abrigada a Fundação Municipal de Ação Cultural. O prazo anunciado para execução do serviço era de seis meses, num valor base de R$ 1.2 milhões. Mas nada começou. De lá para cá, o processo de depredação foi intensificado, o lixo aumentou absurdamente, e o aspecto de abandono atraiu a ocupação registrada esta semana.
- Fica a dica.
É UMA TRISTEZA, UM PRÉDIO TÃO BONITO, DEVERIA SER TRATADO COMO UM PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E ESTÁ ESQUECIDO PELO PODE PÚBLICO.