Não adianta, o rock não morre.
Apesar de sermos obrigados a dividir o planeta com algumas figuras bizarras, a exemplo dos head bangers reaças, o estilo musical sempre mostra a que veio: para incomodar.
Rock é, acima de tudo, rebeldia e inconformismo. Jamais será sequestrado pelos conservadores. Até as bandas mais satânicas têm um astral superior à inhaca conservadora e religiosa.
E quem prova isso é uma banda que não curto musicalmente (confesso: gosto das mais sujas e barulhentas), mas, cujo frontman, Tico Santa Cruz, tem minha admiração pela coragem e posicionamento político.
A música “Micheque”, dos Detonautas, uma sátira à primeira-dama Michelle Bolsonaro, é uma das melhores coisas que aconteceram na música brasileira nos últimos anos.
Pela primeira vez, em anos, o brasileiro presta atenção de verdade na letra de uma música. Digo, “Micheque” entra pelo ouvido e não pela bunda.
Ouçam:
Os reaças são tão burros que Michelle, no lugar de explicar os R$ 89 mil do Queiroz na conta dela, está processando a banda. Resultado: o sucesso só cresce. Nessa quarta-feira, a música havia alcançado o número da besta entre as 50 virais do Brasil, no Spotify, isto é, estava na posição 17.
Nessa quinta, subiu para o número 12. No Youtube, já eram mais de 2,2 milhões de visualizações.
Divulga mais, Michelle!
Viva o rock! Em meio à dominância de sertanejos neofascistas, os Detonautas resgatam aquela importância política do estilo musical que teve seu auge nos anos 80, em nosso país.
É o rock que embala as revoluções, que abre mentes.
E que, espero, nos tire do limbo em que este país se meteu.