19 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Toffoli bate martelo e Lula não será entrevistado nesta semana

Curiosamente, no mesmo, presidente do STF disse que hoje se refere ao período como “movimento de 1964”.

A determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que autorizava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conceder entrevistas à imprensa, de dentro da cela da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, foi suspensa pelo presidente do STF, Dias Toffoli.

A decisão do presidente vale até que a questão seja julgada no plenário da Corte e foi tomada após o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, questionar qual decisão deveria ser cumprida. E não foi a primeira vez.

O primeiro a suspender a decisão de Lewandowski foi o também ministro Luiz Fux, ainda na sexta-feira (28), horas após a autorização. O pedido de suspensão da liminar que autorizava a entrevista foi ajuizado pelo Partido Novo, sob a argumentação de que afrontaria o princípio republicano e a legitimidade das eleições.

Ainda segundo as argumentações apresentadas pelo partido, citadas na decisão de Fux, “a liberdade de imprensa deve ser ponderada em face da liberdade do voto”, argumento criticado até mesmo por quem é contrário à decisão favorável a Lula.

A colocação de Fux colocou o novo presidente numa arapuca. Se cassasse a decisão, seria descrito como a representação do PT no STF. Se não cassasse a decisão, perde inteiramente sua capacidade política de exercer em sua plenitude a presidência do Tribunal. Ele perdeu.

Golpe Militar

Curiosamente, no mesmo dia de sua decisão, durante discurso em seminário sobre os 30 anos da Constituição de 1988, ao falar sobre o golpe militar de 1964, o presidente do STF disse que hoje se refere ao período como “movimento de 1964”.

“Hoje, não me refiro nem mais a golpe nem a revolução. Me refiro a movimento de 1964”, afirmou Toffoli, citando um aprendizado que teve com o ministro da Justiça, Torquato Jardim. A palestra ocorreu nesta segunda-feira (1º), na Faculdade de Direito da USP.

Lula, antes de sua prisão, chegou a alcançar 39% das intenções de voto, mas teve sua candidatura caçada. Hoje, seu substituto, Fernando Haddad (PT), iria para o segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL). Entretanto, no segundo turno, ambos estão empatados segundo pesquisa mais recente de intenção de voto.