20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Tragédia no Mar: nota da Prefeitura de Maragogi é confissão de culpa

Desrespeito do infrator não elimina a culpa das autoridades responsáveis pela fiscalização da embarcação

 Uma investigação das autoridades competentes ainda vai detalhar o trágico e fatal acidente do catamarã de Maragogi. Lá morreram duas pessoas e várias outras saíram feridas do meio do mar.

O fato remete a uma ação criminosa, sem dúvidas.

Mas, o que se estranha nesse caso é exatamente uma nota da Prefeitura da cidade, assinada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Diz textualmente que a embarcação fazia viagens clandestinas, por que não tinha autorização legal para operar no transporte de turistas  nas famosas galés da região.

Diz inclusive que os proprietários do Catamarã desrespeitaram até o Ministério Público. No fundo, o que a Prefeitura faz é tentar tirar de sua esfera a responsabilidade no caso.

No entanto, se  o proprietário já havia sido notificado e ainda assim continuava operando diante das vistas de todos os órgãos fiscalizadores é porque houve conivência. Ou seja, a prevaricação dos agentes públicos está devidamente confessada na pretensa nota de esclarecimento do poder público municipal.

Ora, se a Prefeitura sabia e via a embarcação fazendo o transporte clandestino não poderia nunca, jamais virar as costas ao desrespeito do infrator. Resultado, o barco virou e pessoas morreram.

Há um crime grave aí e o poder público não pode se eximir dele. A nota é um lavar de mãos ofensivo às vítimas.

Portanto, não apenas os proprietários e condutores da embarcação têm culpa no cartório. As autoridades municipais, estaduais e federais (Marinha do Brasil), com o devido poder legal na fiscalização, são igualmente responsáveis pelo crime no mar de Maragogi.

Que as vitimas dessa tragédia tenham essa questão devidamente clara. Como o é a água do mar de lá.

 

Eis a íntegra da nota da Prefeitura de Maragogi:

Nota de Esclarecimento

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Maragogi vem a público esclarecer que o naufrágio de uma embarcação no dia de hoje, que provocou o óbito de duas pessoas, ocorreu em local cuja visitação não era permitida, tendo o proprietário do catamarã que afundou sido autuado por esta Secretaria em virtude dos passeios clandestinos que realizou mas que, ainda assim, de forma reincidente, desobedecendo dispositivos legais, insistiu em prosseguir ignorando até mesmo o Ministério Público.
Ao tempo em que externamos as nossas sinceras condolências às famílias vítimas desta lamentável tragédia, continuaremos na persecução em buscar os responsáveis pelo lamentável ocorrido e responsabilizá-los administrativamente na forma da lei, sem prejuízo das ações criminais que deverão enfrentar na esfera judicial.