Durante o depoimento de Marcelo Odebrecht a Sérgio Moro, na última quarrta-feira (11), Moro e Cristiano Zanin , advogado do ex-presidente Lula, discutiram. A audiência se refere a investigação que apura a doação de um terreno ao petista, que teria sido feita pela empreiteira como pagamento de propina.
A defesa de Lula alega não ter tido acesso a todos os arquivos da Odebrecht, Moro replica: “Mas aí é um pouco uma brincadeira da defesa”, disse o juiz, e acrescentou que aquela audiência estava sendo realizada a pedido da defesa, que apresentou perguntas na petição, mas não quis fazê-las. Zanin retruca: “Brincadeira não é”.
Moro responde: “A defesa apresenta uma petição, com questões escritas, dirigidas ao senhor Marcelo Odebrecht, pedindo que sejam respondidas. Aí o juízo, bem… a pessoa quando é acusada, ela é ouvida oralmente no processo. Logo, o juiz marca uma audiência para as perguntas serem realizadas. Agora a defesa vem e diz que não quer fazer as perguntas”, indigna-se o juiz.” O advogado de Lula afirma que a defesa não teve acesso ao material e o juiz declara que a defesa já havia feito as perguntas na petição.
A discussão segue até que o juiz questiona: “Pelo que eu entendi, a defesa não tem perguntas, é isso?”. O defensor volta a dizer que não viu as mensagens e pede o acesso à íntegra.
“Essa é uma coisa, outra coisa são as perguntas que a defesa formulou por escrito dirigidas ao senhor Marcelo Odebrecht e que motivou a designação dessa audiência. As defesas estão na petição, eu posso ler pro doutor se há dificuldade para fazer as perguntas “, diz Moro.
“Sem acesso, é… vossa excelência tem sempre gentis palavras para dirigir a defesa”, afirma Zanin. No final da discussão o juiz concede o acesso ao conteúdo do HD de Marcelo Odebrecht na íntegra, de onde vieram os e-mails anexados ao processo relacionado ao Instituto Lula.