O presidente Jair Bolsonaro defendeu o ministro da Educação, Milton Ribeiro, na noite desta quinta-feira (24), durante sua live semanal nas redes sociais.
“Se ele estivesse armando não tinha colocado na agenda oficial aberta ao público. Quando quer armar vai para um fim de mundo, no meio do mato, não bota na agenda o nome do corruptor. Eu boto a minha cara no fogo pelo Milton Ribeiro, a minha cara toda. Estão fazendo uma covardia com ele”.
Milton Ribeiro é alvo de investigação por suposto favorecimento na liberação de recursos para prefeituras por meio da intermediação de dois pastores. Os religiosos também são alvo do inquérito que foi aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
No início dessa semana, áudios flagraram o titular do MEC afirmando que prioriza dois pastores, que não fazem parte da pasta, e que estes definem parte dos recursos da pasta de Educação. Um prefeito, inclusive, afirmou que um destes pastores pediu uma barra de ouro em troca da garantia de verbas.
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Ontem mesmo, Jair recusou que Milton Ribeiro colocasse seu cargo à disposição e resolveu manter seu ministro da Educação. Apesar do escândalo do Bolsolão.
Mesmo tendo sido flagrado em áudio prometendo prioridade para pastores (e com isso fazendo estes religiosos negociando barras de ouro, vendas de bíblia e construções de templos), Ribeiro foi “criminalizado” pela imprensa. Claro, na interpretação do presidente.
Para Jair, a imprensa é preconceituosa com evangélicos e não deveria achar “anormal” o lobby dos pastores para a liberação de verbas do MEC. E disse que não vê nada de mais no que Ribeiro foi flagrado fazendo.
Em nota divulgada à imprensa, Milton Ribeiro disse não haver nenhum tipo de favorecimento na distribuição de verbas da pasta. Segundo ele, a alocação de recursos federais segue a legislação orçamentária.
“Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”. Nota do ministro do MEC.
STF
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou horas antes da live de Jair a abertura de um inquérito para investigar se o ministro da Educação favoreceu prefeituras ligadas aos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, a pedido de Bolsonaro.
A ministra aceitou uma solicitação feita ontem pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, depois vir a público em uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo uma gravação em que o ministro supostamente admite a prática.
Cármen Lúcia disse na decisão disse que “a gravidade do quadro descrito é inconteste e não poderia deixar de ser objeto de investigação imediata, aprofundada e elucidativa sobre os fatos e suas consequências, incluídas as penais”.
A ministra determinou um prazo de 30 dias para que a polícia ouça os envolvidos na denúncia e analise as informações que serão enviadas pelo Ministério da Educação (MEC) e pela CGU, que confirmou ter apurado denúncias de corrupção na pasta.