28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

A 1ª entrevista do presidente na TV: Queiroz, previdência, base americana

Jair Bolsonaro afirmou que a quebra de sigilo bancário pelo Coaf foi ilegal e também defendeu mudança da embaixada pra Israel

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu sua primeira entrevista, após a posse, ao SBT, nesta quinta-feira (3). E afirmou que a quebra de sigilo bancário do amigo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), foi ilegal.

“Quebraram o sigilo bancário dele sem autorização judicial. Cometeram um erro gravíssimo. E outra: a potencialização em cima dele e do meu filho foi para me atingir. Está mais do que claro isso daí também”. Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil.

O argumento de Jair é que outros movimentaram mais, mas “ninguém toca no assunto”. Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por movimentação de R$ 1,2 milhão em um período de 13 meses. Ele depositou inclusive R$ 24 mil na conta da primeira dama, a Dona Michelle. Apesar disso, Bolsonaro afirma que a exposição de seu nome foi um “absurdo”.

É completamente diferente do que ele falou, quando o caso veio a tona: “Não sou contra vazamento. Tem que vazar tudo mesmo. Nem devia ter nada reservado. Tem que botar tudo para fora e chegar à conclusão”. Temeu que algo fosse descoberto? Em um passado recente, vazamentos e até escutas ilegais derrubaram presidentes.

O presidente voltou a dizer que “se tiver algo errado, que pague a conta quem cometeu esse erro”. Mas contestou o valor apontado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras): “não são R$ 1,2 milhão, são 600 mil reais”, disse. “Ele responde por seus atos. Não tenho nada a ver com essa história”

A movimentação foi considerada atípica pelo Coaf, transferido do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em decreto publicado nesta quarta-feira. Vale acrescentar que o presidente do Conselho foi exonerado por Bolsonaro no mesmo dia.

Base Militar Americana

O presidente Jair Bolsonaro admitiu que existe uma possibilidade de, no futuro, os Estados Unidos implementarem uma base militar no Brasil. Ele, que admira Donald Trump e o chamou de o “homem mais poderoso do mundo” e tem a intenção de se afastar de países da América do Sul e Europa, para se aproximar dos americanos.

“A questão física pode ser até simbólica, hoje em dia o poderio das forças armadas americana, soviética, chinesa, alcança o mundo todo, independente de base. Agora, de acordo com o que estiver acontecendo no mundo, quem sabe vamos discutir essa questão no futuro”, afirmou o presidente.

Apelidado por ‘Trump dos Trópicos’ por jornalistas estrangeiros, Bolsonaro já sinalizou com Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, e em março deve visitar os Estados Unidos para ter uma conversa com o Donald Trump.

O alinhamento é também uma defesa da embaixada Brasileira da Palestina para Israel. No começo de dezembro, a Liga Árabe, em carta endereçada ao presidente, afirmou que não vê com bons olhos a mudança da embaixada brasileira em Israel. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do mundo, conforme prescrito pela lei muçulmana, e deve sofrer impacto financeiro com a decisão.

Aposentadoria

Falando sobre a reforma da Previdência, que já está em tramitação na Câmara, Bolsonaro disse que a idade mínima de aposentadoria deverá ficar em 62 anos para homens e 57 anos para mulheres, e que a proposta será aplicada de maneira gradativa. “Não queremos fazer maldade com o povo na reforma da Previdência. A idade mínima de 65 anos fica um pouco pesada para algumas profissões”.

Segundo o presidente, a proposta de reforma da Previdência “não será a mesma para todo mundo, haverá diferenciações”. “A boa reforma é aquela que passa na Câmara e no Senado e não a que está na minha cabeça ou da equipe econômica”, afirmou, dizendo ainda que não pretende elevar a alíquota de contribuição dos servidores à Previdência.

Bolsonaro também declarou que não pretende recriar a CPMF e disse que a definição de um imposto único é um plano para o longo prazo. “Não teremos a volta da CPMF. Queremos a fusão de impostos e simplificações.”