3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Além da ONU vetar discurso do Brasil na cúpula do clima, Planalto cogita ausência na Assembleia Geral

Executivo teme é passar vergonha na Assembleia Geral, já que não está descartado que aconteçam protestos dentro da própria ONU

O Brasil não está na lista de países que vão discursar na cúpula do clima da ONU, que acontece na próxima segunda-feira (23) em Nova York, já que o país não apresentou nenhum plano para aumentar o compromisso com o clima.

A ONU havia pedido que os países enviassem um plano para aumentar a ambição dos compromissos climáticos e, com base nos documentos que receberam, selecionaram quais países teriam discursos inspiradores.

Também devem ser vetados Estados Unidos, Arábia Saudita, Japão, Austrália e Coreia do Sul. A lista final de discursos tem 63 países, incluindo França e Reino Unido, e deve ser divulgada ainda nesta quarta (18).

Assembleia Geral

Desde 1946, o discurso do presidente brasileiro marca o início dos trabalhos da Assembleia Geral. É uma das mais importantes tradições da Organização das Nações Unidas e também do Itamaraty.

E nesta segunda-feira (16), o presidente Bolsonaro afirmou que apesar da recuperação após sua cirurgia, não iria deixar de comparecer à abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na próxima terça-feira (24). Seu filho Carlos mesmo, já bancou presença:

Mas assessores do Palácio do Planalto admitem que o presidente do Brasil poderá não comparecer ao evento da ONU em Nova York. Oficialmente, o motivo é a série de restrições médicas impostas a Bolsonaro após a última cirurgia.

Porém, na verdade, o Executivo teme é passar vergonha na Assembleia Geral, já que não está descartado que aconteçam protestos dentro da própria ONU durante o discurso do presidente brasileiro.

O Itamaraty, por exemplo, teme que algumas delegações abandonem o plenário por conta das posições do governo brasileiro sobre a crise das queimadas na Amazônia e as ofensas contra a primeira-dama da França Brigitte Macron e, mais recentemente, contra a ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

A previsão inicial era de que Bolsonaro e Trump conversassem antes de seus discursos na Assembleia. O Brasil faz o discurso de abertura e, em seguida, é a vez dos Estados Unidos, o anfitrião do evento. Esta possibilidade ainda não está descartada.

A agenda encurtada do presidente Jair Bolsonaro, durante a Assembleia Geral, levou à suspensão do que seria o primeiro encontro bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. O britânico, líder do Partido Conservador, se tornou um importante aliado do Brasil na questão das queimadas da Floresta Amazônica.

Também saíram da programação reuniões com Estados Unidos, Polônia e Colômbia, além de Peru, Ucrânia e África do Sul. Com isso, segundo integrantes do governo brasileiro, não há expectativa de encontros bilaterais durante a viagem.