25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaristas tentam justificar presidente vagabundeando durante crise na Bahia

“Eu acho que se o presidente descobrir a cura do câncer, ele vai ser criticado porque descobriu a cura do câncer”, disse um dos ministros

O presidente Jair Bolsonaro não foi e nem pretende ir para Bahia, que sofre com enchentes desde a semana passada. E mesmo sabendo que tudo poderia ser amenizado se ele fosse visitar as áreas afetadas, governistas defendem Jair não encerrar seu período de férias em São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

Bolsonaro já disse que não quer que suas férias terminem e já declarou que não pretende abandonar seu período de descanso. A previsão é que ele retorne a Brasília na semana que vem.

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No Sul, Bolsonaro andou de moto aquática, cumprimentou apoiadores, visitou o deputado federal Coronel Armando (PSL-SC) —logo depois diagnosticado com covid-19— e saiu para pescar. Enquanto isso, tem delegado a seus ministros a responsabilidade pelas contenções dos danos na Bahia.

Antes, Bolsonaro havia passado alguns dias no Guarujá, litoral de São Paulo, quando dançou funk em uma lancha.

“Eu acho que se o presidente descobrir a cura do câncer, ele vai ser criticado porque descobriu a cura do câncer”, afirmou Marinho no Rio de Janeiro, onde participou de uma cerimônia, realizada no Palácio Guanabara, de liberação de recursos para obras.

Ao publicar o vídeo do ministro em suas redes sociais nesta quarta-feira, 29, Bolsonaro escreveu: “Bahia, nosso trabalho é solidariedade.”

Cinco minutos depois de ser postada no Twitter do presidente, a publicação foi compartilhada pelo filho “02” de Bolsonaro, o vereador Carlos (Republicanos-RJ), que usou o episódio para atacar a imprensa brasileira. Mais cedo, o presidente havia publicado em suas redes sociais um vídeo que mostrava a entrega de mantimentos pelo governo federal a cidades baianas. “Continuamos na Bahia”, escreveu.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), buscou ressaltar que Bolsonaro já visitou a Bahia e que as críticas são usadas politicamente visando as eleições de 2022, ainda mais que o estado é comandado por Rui Costa, do PT, partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve ser seu principal adversário à reeleição ao Planalto.

Com 21 mortos e 358 pessoas feridas em decorrência das chuvas, a Bahia contabiliza mais de 77 mil pessoas que foram obrigadas a deixarem suas casas —34 mil delas estão desabrigadas. O último balanço da Defesa Civil, divulgado ontem, diz que 470 mil pessoas foram afetadas em 136 cidades —os municípios declararam situação de emergência, o que representa cerca de 30% do estado.