25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro ameaça em live: ‘não vai ter eleição em 2022’

Exigindo o voto impresso, presidente chamou o Brasil de republiqueta e criticou adversários que têm “verdade absoluta, que não podem ser contestados”

Incomodado com a CPI da Pandemia e sem conseguir desviar sua atenção para os mortos pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro partiu para uma semana de tudo ou nada. E em mais uma live de conteúdo questionável nesta quinta-feira, abraçou de vez a ditadura e ameaçou: em 2022, não vai ter eleição.

“Se o Parlamento brasileiro aprovar, por maioria qualificada de três quintos da Câmara e do Senado, e promulgar, vai ter voto impresso em 2022, e ponto final. Se não tiver voto impresso, não vai ter eleição”. Jair Bolsonaro, presidente.

Ou seja: acreditando ser a voz da razão (ou só apelando para o discurso radical para desviar dos resultados da CPI), o presidente condicionou uma nova eleição ao modelo de voto impresso.

O mesmo que, quando ele fora eleito pela primeira, encontrou irregularidades.

Além de exigir a aprovação na Câmara e Senado, o presidente também comentou as declarações do ministro Luís Roberto Barroso. O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) disse que o retorno provocaria o caos. Bolsonaro não gostou disso:

“Ele, o Barroso, é o dono do mundo. Só pode ser. O homem da verdade absoluta, que não pode ser contestado. Ninguém mais aceita esse voto que tá ai. A única republiqueta do mundo que aceita isso daí é a nossa. Estou preocupado que, se Jesus Cristo baixar na Terra, Ele vai ser boy do ministro Barroso.” Jair Bolsonaro, em claro momento de projeção.

Cortinas de fumaça

Durante o segundo dia de depoimentos da CPI da Pandemia, o Jair Bolsonaro surtou: à luz (ou escuridão) de mais de 410 mil mortos pela Covid-19. Em um discurso direcionado ao eu curral eleitoral, fez uma série de declarações questionáveis e até mesmo criminosas:

  • Sugeriu que a China criou o novo coronavírus em laboratório e iniciou uma guerra química;
  • Falou estar de sacho cheio em ter que usar máscara por conta da pandemia;
  • Bravejou dizendo que seu novo decreto “pelo direito de ir vir” contra prefeitos e governadores será imposto à força;
  • Ainda, apesar de tudo, segue defendendo tratamento precoce (e chamou de canalha quem o critica);
  • Simplesmente admitiu a existência do Gabinete do Ódio, comandado por Carluxo, mas que chamou de Gabinete da Liberdade.

Já essa live veio após o depoimento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Pressionado e sem querer ir de frente contra o presidente, Queiroga acabou cedendo ao dizer que não recomenda cloroquina. E além de nunca ter tomado esse medicamento ou ivermectina contra a covid-19, ele afirmou que a única solução é a vacinação. Indo de encontro com as opiniões do presidente.