Segundo o Correio Brasiliense, o presidente Jair Bolsonaro informou ao Ministério da Saúde que pretende se vacinar contra a covid-19 neste sábado (3), mesma data em que a rede pública do Distrito Federal inicia a imunização para pessoas com 66 anos, sua idade.
Mas apesar do informe, em um governo repleto de desinformações, recuos e mentiras, é completamente possível que esta não seja sua primeira dose, mas sim a segunda.
Segundo o jornal, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tem alertado o presidente sobre os riscos de ele ser reinfectado com uma das novas cepas do vírus que circulam pelo país.
O alerta é feito por que Bolsonaro foi diagnosticado com covid-19 em julho do ano passado, pode não ter mais os anticorpos contra o novo coronavírus, mas ele insiste que já foi imunizado da melhor maneira: pelo vírus.
Caso realmente seja imunizado, o presidente vai, mais uma vez, mudar completamente sua retórica sobre a pandemia. Falando em gripezinha que mataria poucas centenas, para depois minimizar apenas idosos sem histórico de atleta, para finalmente encontrar a cura na cloroquina e, no melhor remédio de todos, a infecção com o próprio vírus, o presidente pode finalmente se render às vacinas.
Primeira ou segunda dose?
Curiosamente, o Palácio do Planalto decretou sigilo de até cem anos ao cartão de vacinação do presidente Jair Bolsonaro e a qualquer informação sobre as doses de vacinas que ele tenha recebido. O pedido foi feito com base na Lei de Acesso à Informação no início desse ano.
O Planalto alegava que os dados “dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem” do presidente, e impôs um sigilo de até um século ao material.
O mais curioso ainda é que um estudo publicado na revista científica Lancet, no início deste ano, sugere que um intervalo maior entre a primeira e a segunda dose da vacina de Oxford/AstraZeneca pode ser mais eficaz contra a Covid-19.
De acordo com os pesquisadores, um período de três meses seria mais benéfico para a população do que as seis semanas consideradas atualmente.
E se passaram exatamente três meses entre o dia do pedido de sigilo no cartão de vacinação do presidente e o anúncio de sua vacinação neste final de semana de Páscoa.
O período deve ser conhecido até mesmo entre bolsonarista, afinal, não bateu com o cartão de vacinação de sua mãe: o presidente disse que sua mãe havia sido vacinada com a vacina de Oxford, mas um enfermeiro teria invadido a casa dela, roubado e rasgado o cartão de vacinação, para escrever “Coronavac”.
O presidente odeia a Coronavac, vacina chinesa em parceria com o instituto Butantan, que fica no estado de seu inimigo político, João Doria. Claro, ninguém invadiu a casa da mãe do presidente e nem rasgou o cartão dela, afinal, ela voltou três semanas depois e já tomou sua segunda dose – batendo com o intervalo de tempo com a “vachina”, como chama o presidente de forma depreciativa.
Diante disso tudo, ainda dá mesmo para duvidar que essa não seria mesmo a segunda dose? Afinal, até mesmo quando teria sido infectado ou não, virou uma briga na justiça para o presidente divulgar ou não seus exames.