24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Escândalo: veja a negociata que perdoou R$ 1 bi de dívidas das igrejas

O esquema foi feito pelo governo Bolsonaro e parlamentares para beneficiar os pastores que os apoiaram na eleição

Uma das igrejas do Pastor Edir Macedo, inaugurada em Curitiba

O brasileiro envolvido na histeria e no fanatismo político -sempre a berrar contra o STF – nem se tocou no escândalo promovido pela Câmara, a pedido do Presidente da República, Jair Bolsonaro, há exatos dois dias.

Na última quarta-feira, 292 deputados aprovaram o perdão das dívidas das igrejas, atendendo ao lobby dos pastores Edir Macedo, RR Soares, Silas Malafaia e Waldemiro Santiago.

Juntos, ele deviam mais de R$ 1 bilhão só à Receita Federal.

Contrários a essa imoralidade votaram 169 deputados.

A matéria já havia passado no Senado e fora aprovada por 73 votos.

O perdão às dívidas foi fruto de uma pressão feita pelos pastores ao Presidente da República. Uma espécie de paga pelo apoio dado na eleição.

Como aconteceu?

Primeiro o deputado federal Davi Soares (DEM-SP), que é filho do Pastor RR Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus) apresentou um projeto de lei propondo o perdão das dívidas de sua igreja e das demais.

Bolsonaro pediu a Receita que visse a possibilidade. Fez o mesmo com a sua equipe econômica que reagiu contra.

Cerca de R$ 462 milhões da dívida superior a R$ 1 bilhão estavam em cobrança judicial na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Perdoar seria renúncia fiscal, portanto um crime previsto em lei. No mínimo, um ato de improbidade.

Deu-se então o acordão fabricado no Planalto. Bolsonaro disse aos pastores que vetaria o projeto para não ter que responder criminalmente, mas conversaria com a base aliada para que esta derrubasse o veto no Congresso.

Assim foi feito. O país vivendo uma pandemia cruel, que já matou quase 300 mil pessoas, e os senhores parlamentares aprovam o perdão das dívidas dos milionários pastores do País.

Aleluia!

Imagine você, contribuinte, assalariado, pai ou mãe de família, que vai declarar agora imposto de renda ao governo federal. No menor erro da declaração você cai na malha fina. Se ousar não declarar um tostão furado é cobrado até o último centavo sem dó, nem piedade.

Mas, os reverendos que vendem água benta para curar Covid. Ou mesmo caroço de feijão contra o vírus foram perdoados graças à “boa fé” de sua excelência o presidente Bolsonaro e seus amigos deputados e senadores.

À essa altura todos devem estar nos templos cantando aquele famoso hit: -Na casa do senhor não existe satanás!

Talvez, por que até o diabo eles compram.

Glória, glória, aleluia!