16 de junho de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Ex-ministro Mandetta responsabiliza Bolsonaro pelas 100 mil mortes no País

Segundo ele, o fator presidente foi preponderante por que deu argumentos para as pessoas não ficarem em casa

Mandetta: o governo abriu mão da ciência

O ex-Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que deixou o cargo em abril deste ano, disse neste sábado, 8m que a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contrária a medidas inicialmente indicadas pelo Ministério da Saúde, e as interferências feitas por ele na pasta foram fatores que levaram o país a tirar de foco o distanciamento social e chegar a cerca de 100 mil mortes pela Covid-19.

“Houve uma série de fatores, mas o fator presidente foi preponderante. Ele deu argumento para as pessoas não ficarem em casa. Ele deu esse exemplo e serviu de passaporte para as pessoas aderirem politicamente a essa ideia”, afirma.

Para Mandetta, o alto número de pessoas na economia informal e a pressão causada pelas eleições municipais também pesaram para uma adesão menor ao isolamento.

“[Prefeitos] veem a popularidade diminuir, e como tem um contraponto político feito pelo presidente, ficam pressionados.”

Na visão do ex-ministro, o governo também “abriu mão da ciência” e das ações para controle e “ficou em um debate menor, que é a cloroquina”.

“Foi uma somatória de fatores, mas principalmente liderados pela posição do governo, que trocou dois ministros e botou um terceiro que fez uma ocupação militar sem técnicos na Saúde.”

Mandetta, que estava à frente do ministério no início da estruturação de medidas contra a Covid-19, afirma ter alertado o Planalto sobre projeções que superavam inclusive o número atual de óbitos.