1 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Por Elas

Feira livre, barbearia e a ausência presente da jogadora Marta

Tudo misturado, vai Brasil! Confira onde a Torcida Organizada Feminina vai ver o jogo!

Relaxando na feira livre, entre os tomates, as cebolas e o cheiro bom de rúcula, olhei de lado e vi uma barbearia das antigas. Há muitas ainda na feira livre da Levada, em Maceió. Algumas já migraram para a atual Feira do Passarinho, na antiga Ceasa, mas há os que,  a exemplo dos barbeiros Nelson Sena e José Paulino,  ainda estão firmes. Freguesia não falta.

Larguei de mão a feira e entrei na JB Barbearia para assuntar. Queria escrever algo sobre essa profissão que se mantem simples, fora do eixo dos shoppings e da onda dos barbeiros refinados. Dez, treze, quinze reais, coisa pouca para sair da feira pronto para qualquer outro compromisso.

Tive facilidade de começar meu trabalho. Nem a clientela e, muito menos os barbeiros se importaram, quando disse que era jornalista e estava ali para falar com eles. Assim, sem pauta, sem marcação. Descabelada, com um celular na mão. Foram me contando tudo, enquanto suas navalhas e tesouras afiadas trabalhavam. Trinta anos de lida, cada um. Gente na fila de espera, gente relaxado com tufos de gaze nos olhos (não entendi bem o motivo – para não ver a navalha amolada, para relaxar ali na cadeira, será?). Pergunto outro dia.

No meio da conversa boa, uma imagem na parede da barbearia me chamou a atenção e mudou o rumo da postagem. Afinal, o Brasil estreia neste domingo no Mundial Feminino de Futebol e eu estava na barbearia de um “quase primo” da Rainha Marta. Com orgulho,  Seu Paulino exibiu a foto com a jogadora . Não é para menos, Seu Paulino. Ela orgulha um país inteiro.

Uma coisa, no entanto, é intrigante. Mesmo com todas as conquistas trazidas por Marta e demais jogadoras brasileiras, a mulherada que quer se reunir para torcer pela Seleção Brasileira nesta Copa está questionando aos bares e restaurantes, aqui em Maceió, sobre o motivo pelo qual eles não se programaram para transmitir os jogos. E a resposta à idealizadora da Torcida Organizada Alagoana da Seleção Brasileira, Aline Moreira, foi que os jogos seriam transmitidos fora do horário de funcionamento e por isso eles não tinham se programado.

“A questão do horário nunca foi um problema para a transmissão dos jogos de uma Copa Masculina e me chocou mais ainda o fato de constatar que a terra da Marta não estava se mobilizando para assistir aos jogos”, desabafa Aline, no seu perfil no Facebook.
Como é a história? Não tem bar transmitindo aqui em Maceió? Problema não, Aline e a amiga empresária Carol Nonô conseguiram organizar um evento próprio de transmissão da Copa. Felizmente, toda essa insatisfação acabou surgindo também a ideia de uma campanha fomentadora do debate sobre mulheres no esporte.
Enfim, as conquistas femininas são assim mesmo na raça. Quer saber mais sobre a campanha? Passa lá no Villa Maceió Foopark, a Torcida Feminina Organizada vai estar lá, daqui a pouco. (Para mais informações sobre isso, clique aqui).

Quanto aos barbeiros, certamente, eles não estão se importando nem um pouco de eu ter mudado o rumo desta  postagem. Estão na torcida também, inclusive para Marta melhorar logo e entrar em campo no próximo jogo do Mundial. Para hoje, o placar de Seu Nelson e de Seu Paulino ainda foi tímido: “um zero para o Brasil”. Eu vou de 3 x 0. E você,  qual o seu palpite?