27 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Flávio Bolsonaro teve lucro de R$ 728 mil com investigados do caso Queiroz

MPRJ afirmou que o senador tem direcionado seus esforços para tentar interromper investigações

Flávio Bolsonaro está sendo investigado por movimentações suspeitas com laranjas e milicianos.

Após a quebra do sigilo bancário, investigações do TJ do Rio de Janeiro descobriram que Flávio Bolsonaro, senador (PSL-RJ) e filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), lucrou ao menos R$ 728 mil em transações imobiliárias com dois dos alvos do caso Queiroz.

A dupla figura no rol de 95 pessoas físicas e jurídicas que tiveram os sigilos quebrados por decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio. Os registros obtidos em cartórios da cidade do Rio de Janeiro dizem respeito a nove transações envolvendo a empresa MCA Participações e um norte-americano.

Todas as salas foram adquiridas por ele no dia 16 de setembro de 2010, por valores entre R$ 192,5 mil e R$ 342,5 mil. No total, os sete imóveis custaram ao político pouco mais de R$ 1,5 milhão. Menos de dois meses depois, no dia 29 de outubro, Flávio vendeu as salas à MCA, com um ágio de aproximadamente 20%. Os imóveis renderam a ele R$ 1,85 milhão –um lucro R$ 318 mil.

Os laços de amizade com os Bolsonaro mostravam que Queiroz era mais do que um assessor no Rio

Tsunami

Ao prever um “tsunami” rumo à administração pública, o presidente Jair Bolsonaro fez referência à possibilidade de recolocar na Esplanada os 29 ministérios de Michel Temer, e o Congresso já se movimenta para indicar nomes de possíveis ministros.

Entretanto, muitas apostas apontam que o tsunami seja a quebra de sigilo do senador Flavio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz. O Ministério Público espera para os próximos dias a decisão favorável da Justiça sobre um pedido formal de investigação nas contas bancárias e nos telefonemas do filho do presidente com seu antigo chefiado.

Pode ficar provado o crime conhecido como rachadinha, com dinheiro recolhido por Queiroz entre os funcionários do gabinete do então deputado estadual pelo Rio de Janeiro indo parar na conta do parlamentar.

Se essa especulação se confirmar pelo exame das contas bancárias de ambos, o senador passaria a correr até mesmo o risco de perder seu mandato, num processo que pode ser tão longo quanto desgastante não apenas para ele, mas também para seu pai. Seria, sim, o que se poderia chamar de tsunami no clã Bolsonaro.

Flávio e Queiroz eram amigos até pouco tempo

A culpa é do Queiroz

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), acredita ser vítima de uma investigação ilegal do Ministério Público do Rio de Janeiro e defendeu o arquivamento do caso.

As declarações foram dadas em entrevista ao ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele ainda afirmou que seu erro pode ter sido “confiar demais” no ex-assessor Fabrício Queiroz.

Os promotores investigam uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz enquanto ele trabalhava no gabinete do político na Assembleia Legislativa do Rio. Para ​Flávio, a indicação de que o Ministério Público pedirá a quebra de sigilo bancário e fiscal dele é uma medida para dar “verniz de legalidade” à investigação.

Ele afirmou ainda que o ex-funcionário gozava de sua confiança quando trabalhava no gabinete, mas agora “está demonstrando que não é merecedor dela”. O parlamentar reclamou que o ex-assessor demorou a se manifestar quando surgiram as primeiras suspeitas e que, por isso, foi “sendo fritado enquanto ele não falava nada”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que o senador tem direcionado seus esforços para tentar interromper investigações sobre movimentações financeiras atípicas em seu gabinete de deputado estadual no Rio e se recusa a prestar esclarecimentos aos procuradores embora já tenha sido convidado diversas vezes.

O caso tipifica um esquema de corrupção montado no gabinete de Flávio Bolsonaro com a participação de milicianos e assessores.