29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Grave denúncia: Suspeito de matar Marielle visitou casa de Bolsonaro no dia do crime

Élcio Queiroz foi autorizado por “Seu Jair”para entrar no condomínio

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi mencionado, nominalmente, no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018.

O porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime. Bolsonaro, no entanto, neste dia estava na Câmara dos Deputados, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da Globo.

Segundo matéria do Jornal Nacional, só a simples citação ao nome do presidente, pode levar o caso a ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao foro por prerrogativa de função.

Elcio Queiroz, suspeito de matar Marielle, visitou casa de Bolsonaro no dia do crime

Denúncia

De acordo com o telejornal, o caderno da única portaria do Vivendas da Barra foi analisado pela polícia e apontou um visitante ao local na noite do crime.

No mesmo condomínio vivia o policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. O suspeito teria anunciado ao porteiro que visitaria Bolsonaro, mas se direcionou para a casa de Lessa, segundo a reportagem.

Horas antes do crime, às 17h10 de 14 de março de 2018, Élcio Vieira de Queiroz – outro suspeito do crime preso pelos assassinatos – chegou à portaria do condomínio e disse que ia a uma das casas que pertencem a Bolsonaro.

O nome de Élcio ficou registrado no caderno, assim como o veículo no qual ele estava (um Renault Logan, placa AGH-8202). O porteiro então informa, ainda de acordo com a reportagem, ter contatado a casa; segundo dois depoimentos, “seu Jair” liberou a entrada.

As câmeras do condomínio acompanharam o trajeto do carro de Élcio, mas seu carro foi a outro endereço, onde morava Ronnie Lessa. O porteiro afirma então que ligou para a casa do presidente da República, que teria, segundo o depoimento ao qual a reportagem afirma ter dito acesso, dito saber para onde o veículo liberado estava indo. Élcio e Ronnie saíram juntos do local mais tarde.

Suspeitas

Marielle e Anderson foram alvejados dentro do carro na noite de 14 de fevereiro. Foto: Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo são apenas a “primeira fase” das investigações. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. “Nada está encerrado”, disse o delegado.

De acordo com as investigações, o sargento reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação, conduzia o veículo. Os investigadores tentam descobrir quem foi o mandante da execução.

Lessa foi preso por volta das 4h30 no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, o mesmo onde vivia o presidente Jair Bolsonaro antes de ser empossado. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão de armas, computadores, celulares e munição, entre outros objetos, em 34 endereços.

O delegado, no entanto, afastou, neste momento, ligação entre a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar reformado Ronnie Lessa. Mas o link seria feito no momento oportuno:

“O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle. Isso nós imaginávamos que esse link fosse feito, mas ele não tem uma relação direta com a família Bolsonaro”. Giniton Lages, delegado do caso Marielle.

Em matéria, a CNN Chile declarou em março que todas as pistas da morte ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol), apontam para o presidente Jair Bolsonaro.

Em sua versão original, a emissora chilena atualizou o título da matéria empregando um “que” no meio da frase. Agora, quem acessa o link enxerga a seguinte manchete: “Todas as pistas que levam a Bolsonaro: Justiça brasileira ainda não esclarece quem mandou matar Marielle Franco“

PSOL

Em nota, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, classificou a informação divulgada pelo Jornal Nacional como “muito grave”. Além disso, a sigla à qual pertencia a vereadora exigiu esclarecimentos “imediatamente”.

“O PSOL nunca fez qualquer ilação entre o assassinato e Jair Bolsonaro. Mas as informações veiculadas hoje são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o Presidente da República e um assassinato. As autoridades responsáveis pela investigação precisam se manifestar. Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson”. Nota do PSOL.