Após o texto disparado por Jair Bolsonaro no WhatsApp, afirmando que o Brasil é ingovernável e tudo conspira contra ele, seus apoiadores organizam para este domingo (26) um protesto de apoio ao presidente. O problema para estes é que, após quase 5 meses de governo, o oba-oba vai se esvaziando e promete se refletir neste final de semana: o governo Bolsonaro está em perigo.
Nem mesmo os militares, outrora apoiadores incondicionais do capitão reformado do exército, estão 100% com ele. Culpa em parte de um processo de críticas públicas realizadas pelo guru astrólogo Olavo de Carvalho e seu filho Pitbull, Carlos Bolsonaro. Até mesmo o vice-presidente, general Hamilton Mourão, teve protocolado pedido de impeachment por Marcos Feliciano, um dos nomes fortes do governo.
Sem saber nem mesmo o que é articulação, o governo precisará lidar com o Legislativo para garantir, em um prazo maior, pelo menos de 15 dias a aprovação de 11 medidas provisórias prestes a expirar. A maioria delas tem relevante impacto econômico e na estrutura administrativa do governo.
Algumas delas são de autoria do governo, como a reforma administrativa. Outras, consideradas importantes pela equipe econômica, são herança do governo Temer, como a que abre o setor aéreo para o capital estrangeiro. Para piorar, seu decreto que flexibiliza o porte de armas no Brasil é considerado inconstitucional.
O Palácio do Planalto corre ainda para que sua reforma da Previdência finalmente avance. Para desespero do governo e de indicadores de economia da Nação, deputados já se organizam para fazer uma reforma própria.
Isso tudo enquanto o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), afunda em um inquérito que apura lavagem de dinheiro milionária. E com quebras de sigilo fiscal que chegam à sua esposa e pode até mesmo alcançar a ex-mulher e também a primeira-dama, a atual esposa do presidente Bolsonaro.
Sem apoio
Além da oposição, as derrotas recentes do governo no Congresso contam como patrocinador o chamado centrão, grupo informal de partidos formado por DEM, PSD, PTB, PP, PR, entre outros. O DEM, por exemplo, comanda a Câmara, o Senado e três ministérios do governo.
Quanto a organização do protesto de domingo, a articulação de formadores de opinião e grupos que ajudaram na queda de Dilma não estarão presentes. Janaína Paschoal, um símbo do último impeachment, já pede até “pelo amor de Deus” que não ajudem neste domingo:
Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) 19 de maio de 2019
Até mesmo o Movimento Brasil Livre (MBL) está tirando o corpo fora. Um dos maiores nomes de referência da nova direita já arma o discurso de “eu avisei” e “a culpa não é nossa”.
Janeiro tava muito cedo para fazer críticas ao governo.
Fevereiro também.
Março nem 100 dias ainda né?Maio: presidente espalha texto que não consegue governar, bolsonaristas receosos com problema fiscal e regra de ouro, falta apoio no Congresso.
Não foi por falta de aviso.
— Mov. Brasil Livre (@MBLivre) 17 de maio de 2019
Tudo indica que os protestos de apoio não terão a mesma força dos que são contrários ao atual governo, caso da Paralisação Nacional da Educação. E a história pode se repetir, pois os mesmos atores que ajudaram a derrubar Dilma já ensaiam discurso para derrubar o novo presidente. E mesmo que em vias tortas, Bolsonaro acertou numa: o Brasil está ingovernável. Mas isso é tudo culpa dele.