Nesta quinta (18), uma bomba estourou mais ainda os ânimos na disputa do 2º turno presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
Uma reportagem da Folha denunciou um Caixa 2 de Bolsonaro. Empresários compraram pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT, no WhatsApp, que planejam uma rande operação na semana anterior ao segundo turno, no domingo dia 28. Alguns contratos chegam a R$ 12 milhões.
Como se trata de doação de campanha por empresas e não declarada, a prática é ilegal. Caixa 2, admitido, inclusive, pelo próprio Bolsonaro, ciente de algo feito por empresários simpatizantes, que ele diz não ter controle. Da mesma maneira que não controla seu vice, seu economista ou seus eleitores mais violentos. Mas não deixa de ser crime.
E isso tudo motivou que o PT de Haddad, e principalmente o PSD de Ciro Gomes, entrassem com ações no TSE para que fosse impugnada a chapa Bolsonaro-Mourão, que o Capitão perdesse os direitos políticos por oito anos e que o 2º turno fosse disputado entre Ciro e Haddad.
É um escândalo grande e a hashtag #Caixa2doBolsonaro ficou em primeiro lugar nos assuntos mais comentados em todo o mundo. Ainda assim, nenhuma palavra sobre o crime eleitoral nos sites da Globo, nem mesmo emissora de TV, seja a principal ou Cabo. Do que foge a Rede Globo?
Censura Estratégica
Em junho do ano passado, a Rede Globo teve acesso aos áudios de Joesley Batista, então dono da JBS, quando este grampeou o presidente Michel Temer, em uma reunião na calada da noite e que não fora agendada oficialmente.
Era visível o desconforto de Renata Vasconcellos, tentando ler sem gaguejar, de tão nervosa que estava, a já icônica frase de Temer sobre bancar o silêncio de Eduardo Cunha: “Tem que manter isso aí, viu”?
A pauta foi tratada no Jornal Nacional de maneira devida: isso podia resultar no impeachment de Temer. Entretanto, o impacto da bomba foi se mostrando menor do que parecia: Batista entregou uma gravação para sua delação cheia de edições, que não passou por perícias no momento certo e todo o conteúdo de Temer foi contextualizado.
Não deu em nada e a matéria arranhou o Jornal Nacional.
Desta vez, a situação pode ser semelhante: a matéria da Folha carece de uma maior olhada jurídica ou parecer de peso do TSE. Que, já admitiu, falhou em suas ações contra fake news nestas eleições. Mas além de tomar o cuidado de não veicular algo que pode apenas ser um boato em um período tão próximo das eleições, a Globo já percebeu: ela precisa mais de Bolsonaro que o contrário.
O eleitor de Bolsonaro é uma nova espécie, daquela que acredita fielmente nas palavras do mito, mesmo que sejam compartilhamentos duvidosos recebidos de terceiros pelo Whatsapp. O recebido pelo aplicativo tem mais credibilidade que a Globo, antes Golpista por derrubar o PT, agora Comunista, por bater de frente contra o Capitão do PSL. São tempos esquisitos
E com uma vitória eminente do capitão do PSL, uma revisão de forças das emissoras pode acontecer. Ele não esconde seu descontentamento com a Globo, endividada no INSS, recebedora de bens públicos (embora menor que o divulgado) e Jair já acena com as principais rivais.
Bolsonaro, que não tem condições de participar de um debate, já perambulou em todos os outros canais. Com entrevistas exclusivas na SBT, Bandeirantes e Record, essa inclusive exibida durante o último debate presidencial do 1º turno, o presidenciável já mostrou: não se importa com a Globo. E com isso, seus eleitores também.
Antes de colocar os holofotes diante de si, o jornalismo da Globo vai pensar duas vezes antes de veicular algo contra Bolsonaro. Ele se tornou forte diante da cegueira de seu eleitorado. E já se mostra uma pedra no sapato da emissora dos Marinho.
Portanto, a menos que uma prova cabal ou um relato contundente do TSE mine a chapa de Bolsonaro, seu caixa 2 não será exibido na Rede Globo. O que é curioso, pois o jargão “isso a Globo não mostra” é usado exatamente para enfatizar, no Whatsapp, a veracidade de uma fake news.