20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lula promete “dar um jeito” nos sigilos de 100 anos de Bolsonaro

Ex-presidente afirmou que Bolsonaro é presidente “rastejante”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou nesta terça (26) que poderá reverter os sigilos impostos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) a episódios de seu governo caso venha a ser eleito chefe do Executivo.

Em entrevista a representantes de veículos de mídia digitais e youtubers de esquerda, Lula argumentou ser preciso escolher deputados aliados a quem o eleitor votar para a Presidência para que um novo governo possa aprovar reformas necessárias.

“Não adianta votar em presidente se não votar em uma quantidade de deputados que pensa igual ideologicamente ao presidente para fazer as mudanças necessárias”.

O petista, então, afirmou que Bolsonaro é um presidente “rastejante” e sem força diante do atual Congresso porque não domina a execução do orçamento.

“Quem executa é o presidente da Câmara, o presidente do Senado. E ele vive de favor, fazendo seus decretos-lei, fazendo indulto fora de hora, transformando qualquer coisinha que os filhos façam em sigilo de 100 anos”.

Ao citar a questão do sigilo, Lula disse então: “vamos dar um jeito nisso, se preparem, vamos dar um jeito”. O petista, no entanto, não explicou o que pretende fazer exatamente em relação aos casos mantidos em segredo.

Esta foi também a 1ª vez que Lula mencionou o perdão dado por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 8 anos e 9 meses, em regime inicial fechado, por declarações ameaçadoras contra ministros da Corte.

Após a fala, o ex-presidente retomou a argumentação de que é preciso eleger uma bancada de esquerda forte para a próxima legislatura para que, caso seja eleito novamente, ele tenha uma ampla base de sustentação do seu eventual novo governo.

“É preciso convencer o povo de que não dá para continuar colocando a raposa para cuidar o galinheiro”.

Sigilos de 100 anos

Em 15 de abril, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) decretou sigilo de 100 anos nas reuniões entre Bolsonaro e pastores que teriam negociado recursos do Ministério da Educação com prefeitos.

Antes, o Planalto já recorreu ao mesmo expediente para colocar em segredo um processo administrativo contra o ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) e o cartão de vacinação de Bolsonaro.

Em julho de 2021, dados dos crachás de acesso de Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, ao Palácio do Planalto foram colocados em sigilo por 100 anos.

O segredo foi usado para negar acesso a um pedido de acesso à informação feito pela revista Crusoé. O Planalto usou o mesmo argumento do caso de Pazuello: os dados dizem respeito “à intimidade, vida privada, honra e imagem dos familiares do senhor presidente da República”, protegidos “nos termos do artigo 31” da Lei de Acesso à Informação Pública.