28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Ministério da Defesa celebra 58 anos do Golpe Militar: “marco histórico”

Assinatura é do ministro Braga Netto, cotado para vice da campanha de reeleição de Bolsonaro

Através do Ministério da Defesa, o governo Jair Bolsonaro publicou uma nota oficial celebrando os 58 anos da instalação do regime ditatorial instalado no Brasil em 1964. Este perdurou até o ano de 1985.

“O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”. Trecho da Nota.

O texto, claro, procura evitar falar dos presos políticos, torturas, casos de corrupção e crise inflacionária que atingiu o regime em seu desfecho.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, 434 brasileiros foram mortos ou “desaparecidos” durante a ditadura militar entre os anos de 1964 e 1985.

Mais de 8,3 mil indígenas perderam a vida naquele período em razão de ações praticadas ou toleradas pelo regime então em vigor. Estima-se que 50 mil pessoas tenham sido presas por razões políticas, tendo cerca de 20 mil delas submetidas a torturas.

“Analisar e compreender um fato ocorrido há mais de meio século, com isenção e honestidade de propósito, requer o aprofundamento sobre o que a sociedade vivenciava naquele momento. A história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização”. Mais um trecho da Nota.

A assinatura é do ministro da Defesa, Braga Netto, cotado para vice da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O texto foi publicado no mesmo dia em que o presidente, novamente, levantou dúvidas (e mentiras) sobre as urnas eletrônicas.

Tudo isso montado num cavalo branco, no Rio Grande do Norte, falando na “luta do bem contra o mal”.

O texto também é assinado pelos comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, e pelo comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Almeida Baptista Junior.

Leia a nota na íntegra:

“Brasília (DF), 30/03/2022 – O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época.

Analisar e compreender um fato ocorrido há mais de meio século, com isenção e honestidade de propósito, requer o aprofundamento sobre o que a sociedade vivenciava naquele momento. A história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização.

Neste ano, em que celebramos o Bicentenário da Independência, com o lema ‘Soberania é liberdade!’, somos convidados a recordar feitos e eventos importantes do processo de formação e de emancipação política do Brasil, que levou à afirmação da nossa soberania e à conformação das nossas fronteiras, assim como à posterior adoção do modelo republicano, que consolidou a nacionalidade brasileira.

O século XX foi marcado pelo avanço de ideologias totalitárias que passaram a constituir ameaças à democracia e à liberdade. A população brasileira rechaçou os ideais antidemocráticos da intentona comunista, em 1935, e as forças nazifascistas foram vencidas na Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a relevante participação e o sacrifício de vidas de marinheiros, de soldados e de aviadores brasileiros nos campos de batalha do Atlântico e na Europa.

Ao final da guerra, a bipolarização global, que fez emergir a Guerra Fria, afetou todas as regiões do globo, o que trouxe ao Brasil um cenário de incertezas com grave instabilidade política, econômica e social, comprometendo a paz nacional.

Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período.

Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional.

As instituições também se fortaleceram e as Forças Armadas acompanharam essa evolução, mantendo-se à altura da estatura geopolítica do País e observando, estritamente, o regramento constitucional, na defesa da Nação e no serviço ao seu verdadeiro soberano – o Povo brasileiro.

Cinquenta e oito anos passados, cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular.

Walter Souza Braga Netto
Ministro de Estado da Defesa

Almir Garnier Santos
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

Gen Ex Paulo Sérgio
Nogueira de Oliveira
Comandante do Exército

Ten Brig Ar Carlos de
Almeida Baptista Junior
Comandante da Aeronáutica.”