13 de dezembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Maceió

Mulher que teve corações recusados por quatro famílias, inicia transplante

Doador foi um homem de 31 anos, vítima de AVC, cuja família autorizou o procedimento

Ana Karolina Gama de Moraes Correia, 29 anos, portadora de miocardiopatia periparto (doença autoimune adquirida durante o parto) está recebendo o coração de um homem de 31 anos, vítima de acidente vascular cerebral.

Segundo o cirurgião cardíaco José Wanderley Neto, o procedimento deve durar cinco horas e envolveu 80 pessoas, incluindo a equipe da Central de Transplante e da Santa Casa de Maceió, palco de mais um transplante de coração em Alagoas.

“O transplante de coração envolve um profundo conhecimento técnico sobre o assunto, o comprometimento dos profissionais envolvidos e uma estrutura hospitalar à altura. Agora, sem o gesto da família em autorizar o procedimento simplesmente não existe transplante”. José Wanderley Neto, cirurgião cardíaco.

Metade das pessoas que estão a lista de espera acabam morrendo por falta de doador. A paciente sobrevivia graças a um equipamento de assistência mecânica circulatória. Com expectativa de vida de mais um ano, ao longo dos últimos meses quatro doadores já haviam mostrado compatibilidade, mas as famílias não autorizaram o transplante.

Fila

Ana Karolina Gama de Moraes, de 29 anos, luta por sua vida há mais de 1 ano. Ela estava na fila de transplantes à espera de um coração, desde outubro de 2017. Mais precisamente, 48 horas depois do nascimento de sua primeira filha.

À época, ela foi hospitalizada às pressas com quadro grave de insuficiência cardíaca. Ana Karolina adquiriu miocardiopatia periparto, uma doença idiopática, relativamente rara, associada com disfunção cardíaca grave e que ocorre no final da gestação, com mortalidade materna de alto índice em nosso país.

Há alguns dias, seu quadro piorou muito, valendo sua posição como uma das primeiras posições na fila de transplante. Sem um novo coração, ela não deve resistir. E o sentimento de angústia fica pior, poisquatro corações compatíveis não foram usados.

Os portadores dos corações viáveis não se declararam doadores. E com a retirada de órgãos dependendo exclusivamente do consentimento da família, estas não consentiram.

As informações são de Alyne Gama, que em corrente nas redes sociais, procura conscientizar a população para a importância da doação de órgãos